sábado, 1 de outubro de 2011

Sobre Cinema e Televisão












NOTA – Poucas são as oportunidades que temos, em sala de aula, de “garimpar” alunos talentosos. Sobretudo, numa Universidade Pública e gratuita. Mas, de quando em vez é possível que isso aconteça, realimentando nossas esperanças de que somos realmente compreendidos em nossas propostas de ensino. O texto seguinte é um desses resultados que, a rigor, sempre tenho buscado alcançar durante minhas aulas, na UFPB.

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Cinema X Televisão: a relação desses meios midiáticos com o público.
Antes de abordamos a questão do público e sua relação com o cinema e a televisão, é importante deixar claro que as duas mídias mencionadas também se diferenciam no que diz respeito a ser ou não uma arte. A televisão não é uma arte e sim, de um modo geral, um meio de comunicação voltado para o mercado, que depende da aceitação da audiência para que continue a entrar em nosso lar. Se o telespectador não consumir o que é veiculado na TV, se ele não tiver interesse em assistir a determinado programa, com certeza este não terá mais espaço na emissora. Mas é claro que dentro desse aspecto não entram aquelas emissoras que têm uma preocupação educacional e cultural, pois são dedicadas a um público específico e a proposta que trazem é outra. Não querem a audiência dos programas populares.
Por outro lado, no que se refere ao cinema, podemos afirmar que se trata sim de uma arte, capaz de inquietar as pessoas, causando questionamentos. O cinema é uma obra acabada, feita não necessariamente para agradar o público. Contudo, não vamos ser hipócritas ao ponto de dizer que um filme não quer ter uma boa audiência e, consequentemente, um lucro que cubra todas as despesas gastas para fazê-lo. Porém, o objetivo desse texto é ver como se estabelece a relação entre o cinema, a televisão e o público a partir de um ponto de vista diferente. E é justamente no tocante ao público que podemos afirmar que o cinema, apesar de visar um retorno da audiência, não depende dela para ser feito. O que se precisa, no primeiro momento, é de um bom produtor disposto a literalmente comprar esse produto/filme. Se esse profissional acreditar no aceitamento do público, com certeza irá financiá-lo. Contudo, só saberemos se houve aceitação ou não depois da obra finalizada. É um risco que se corre. Se o público comprou aquele filme, ótimo, e se não comprou, pior para quem colaborou com a obra. Esse é o problema do cinema. Por ser algo finalizado e entregue ao público, não há mais como ser modificado.
Considerando agora a relação estabelecida entre o público e a televisão, temos uma outra visão, oposta à apresentada até então. O público é quem “manda” na TV comercial. Se um determinado programa não dá audiência, o telespectador pode ser consultado para modificá-lo e, se mesmo assim a audiência continuar baixa, o programa é retirado do ar. Um grande exemplo da importância da audiência no que é transmitido nesse meio comunicacional é a telenovela. A narrativa desse produto é construída conforme a opinião do público. Isso sem falar nos produtos vendidos nas telenovelas, não só produtos, mas ideias, ideologias, cortes de cabelo, gírias, músicas etc. O que nos mostra, mais uma vez, que a televisão é um produto mercadológico, no qual o público interfere diretamente.
A partir dessas exposições, podemos chegar a uma conclusão resumida de tudo isso: a televisão é uma mídia vulnerável, que pode sofrer mudanças pelo público para atingir esse mesmo público, gerando audiência ampliada e lucro. Já o cinema é uma obra fixa, acabada, o que representa uma “arte de risco”, por poder agradar ou não a quem o assiste. (Stephanie Araújo é aluna da disciplina Direção de TV-I, do Demid/UFPB).
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ALEX SANTOS da Academia Paraibana de Cinema, professor e cineasta. E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br

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