terça-feira, 30 de julho de 2013

UFPB recebe proposta da Academia de Cinema

 
Diretoria da APC é recebida pela Reitora da UFPB 
Academia Paraibana de Cinema, observadas as suas reais e atuais condições de direito e de fato, dentre todas as instituições hoje diretamente envolvidas com a arte cinematográfica, é a que tem condições ideais para comandar o processo de criação e implantação de um memorial de cinema na Paraíba.  
Esta foi a justificativa que a presidência da APC apresentou, através de proposta formal, quando de recente visita que fez ao gabinete da atual reitora da Universidade Federal da Paraíba, professora Margareth Diniz.
O documento esclarece também que, de forma democrática e pluralizante às diversas tendências e atividades dos setores audiovisuais na Paraíba, a Academia de Cinema tem demonstrado significativa competência e capacidade no planejamento e operacionalização das iniciativas fundamentais para a preservação, difusão e produção de cinema no Estado. Que congrega cinquenta nomes conhecidos e representativos da cultura cinematográfica do nosso cinema, nos mais diversos segmentos da produção, exibição, difusão e crítica. E que foi fundada com essa finalidade, na cidade de João Pessoa, em 12 de novembro de 2008, sendo uma entidade sem fins lucrativos, devidamente registrada nos órgãos superiores, tendo como foco principal as ações em Arte e Cultura, no segmento Audiovisual.
A proposta de implantação do memorial de cinema apresentada vem embasada na premissa de que, a Academia reúne os mais diversos profissionais da área, não se limitando à preservação do acervo e da memória cinematográfica. Mas, servirá de polo irradiador de conhecimento e reflexão, valorizando ainda mais a rica História do Cinema Paraibano e dos que dele fizeram e ainda fazem parte. E aponta uma série de vantagens ao aprendizado em Cinema, inclusive para a própria UFPB, que já dispõe de um curso em nível superior nessa área.
O Memorial do Cinema teria como objetivo também, resgatar, recuperar, estudar e difundir os acervos ora existentes (filmes, roteiros, argumentos, cartazes, fotos, livros, periódicos e outros documentos), inclusive o registro de eventos, que envolvam a atividade cinematográfica na Paraíba. E que poderia ser localizado no novo prédio em construção, ao lado da reitoria, onde deverá ser o Centro de Cultura e Artes da UFPB.   
Com a participação de quase toda a diretoria da APC, o encontro na UFPB serviu também para que o presidente da entidade, jornalista e historiador Wills Leal fizesse um relato completo sobre a respeitável condição adquirida, havia anos, pelo nosso cinema no cenário cultural brasileiro. Histórico sobre o qual a reitora Margareth Diniz mostrou-se sensibilizada, declarando-se simpatizante da causa do Memorial do Cinema. 

ALEX SANTOS é jornalista, cineasta e professor da UFPB, vice-presidente da APC.
E-mails: alexjpb@yahoo.com / contato@asprod.com.br  

terça-feira, 2 de julho de 2013

ANCO Márcio: Uma “arribação” a desfalcar também o cinema

Cena de "Arribação" de Alex Santos, com Anco Márcio e Luiza Lacet
Eu o conheci no palco do Teatro Santa Roza. Ele encenava o eloquente monólogo “O Diário de um Louco”, de Nicolai Gogol. Sua mise en scène me  impressionou, justamente quando buscava alguém para representar um sertanejo fugindo da seca com a família, em “Arribação”. Um de meus primeiros filmes, justamente no final dos anos sessenta. Nessa época, já afiliado à Associação dos Críticos Cinematográficos da Paraíba (ACCP), sob o comando do amigo Barretinho, eu integrava o cast da Rádio Correio, recém inaugurada no Ponto de Cem Reis. Fazia locução e apresentava os programas Curta-Metragem, diário, e Cine-Projeção, este aos domingos.
Disse-lhe: – Anco Márcio, gostaria que interpretasse este personagem. Aí mostrei-lhe o script, dizendo que a resposta poderia ser dada depois. De início Anco relutou um pouco, alegando que tinha sido recentemente rejeitado pelo George Jonas, para interpretar no cinema personagem em “A Compadecida” (1969), sob alegação do diretor de que ele não tinha perfil de sertanejo.
Mas, algo me dizia que Anco aceitaria agora o personagem, porque meu olhar não me confirmava o que o produtor boliviano naturalizado brasileiro dissera, taxando-o de “tipo urbano” e impróprio para o papel criado pelo autor Ariano  Suassuna.
Dito e feito! Ninguém terá conseguido postura melhor nas cenas de “Arribação” que aquele versátil ator paraibano... A rigor, nunca se tinha visto casamento mais perfeito de flagelados numa paisagem do semiárido, quando sepulta o seu próprio filho na região devastada pela seca, interior da Paraíba. Ao lado da atriz também de teatro Luíza Lacet, uma conterrânea nossa, provamos que não é só necessário olhar, na escolha de um ator, mas vê-lo por dentro. Vê-lo bem.
A região do curimataú – Tacima, Araruna e Pedra da Boca – foi o nosso cenário para as filmagens de “Arribação”. À época, uma produção em preto e branco, realizada com uma câmera de 16mm, emprestada pelo próprio Barretinho da ACCP, cuja saga houve de ser contada também em texto por Machado Bitencourt, em outro filme nosso – “Cinema Inacabado”.  
Nos últimos tempos, minhas ligações com Anco se restringiram simplesmente ao seu site “www.ancomarcio.com” (Romance da Cidade), em que assinava coluna semanal. Agora, fomos surpreendidos com o seu prematuro falecimento, deixando mais pobre a dramaturgia, o rádio e o jornalismo paraibanos.

Que descanse em paz, amigo Anco!