domingo, 26 de setembro de 2010

50 Anos de Arte em “Aruanda”

Cineasta
Linduarte Noronha


Por analogia, lembro que ele começou a existir com nome de artista. Não só porque tenha realizado um dos documentários mais revolucionários da história dos cinemas paraibano e brasileiro, mas, por ter mesmo nome que leva a marca da própria Arte.

Arte de nome e de feitos, se lembrarmos, por exemplo, duas obras inesquecíveis do nosso cinema: “Aruanda” (que fiz questão de homenagear, recentemente, numa das cenas do meu filme “ANTOMARCHI”, resgatando a esquina do Cine Rex dos anos 60) e “O Salário da Morte”, primeiro longa-metragem paraibano.

Independentemente do feito por ele realizado, detenho-me ao seu nome de batismo: LINDUARTE. Afora o significado matematicamente valorativo (“quantum”) que a expressão possa imprimir, a EQUAÇÃO do seu nome é significante, igualmente, no plano das artes. Senão vejamos esta simples “equação”: Trocando-se a base/raiz da estrutura da palavra (Lindu) por “belo”(a) + Arte = Bela Arte. Desculpem a trocadilho, mas não seria coincidência demais?...

Pois bem, não por menos a re/publicação no Correio das Artes (A União) deste domingo (26) o merecido registro sobre Linduarte Noronha e seu “Aruanda”. Trata-se de uma remota entrevista a hoje membro da nossa Academia Paraibana de Cinema, em razão do meio século de existência e de resistência do documentário, marca indelével de um cinema que jamais se deixou dobrar, em razão de modismos e outros “ismos”, tão próprios à pirotecnia dos dias atuais.

E o “blog“ Coisas de Cinema, irmanando-se a tão importante data, presta também sua homenagem ao nosso “prior”, não apenas pelo seu feito com “Aruanda” – cinquenta anos de escola de cinema documental no Nordeste brasileiro, sobretudo – mas, certamente, pela memória representativa/respeitosa, base técnica e reflexiva dos valores locais ao que hoje se constrói em termos de Cinema na Parahyba.

Parabéns, amigo Linduarte! Pelo feito marcante de “Aruanda” e por existires...

ALEX SANTOS da Academia Paraibana de Cinema, professor e cineasta. E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Uma TV feita com a “prata da casa”











Belezas de Jampa na TV (foto Guy Joseph)

De pronto, testemunho e louvo a importância que vem dando a TV Cidade, em João Pessoa, à Cultura e às Artes paraibanas. Observação esta sem nuança eleitoreira, em razão do momento em que se vive, mas que, por justiça, deve ser deveras preconizada com responsabilidade, justamente por quem nenhum compromisso tem com a política partidária de “a” ou “b”, como é o nosso caso.

Chamo a atenção para a TV Cidade não porque esteja também exibindo em sua programação, havia algum tempo, o nosso filme “ANTOMARCHI”, pelo que agradece a Empresa AS Produções, publicamente. Mas, pelo requinte e conteúdo dos enfoques de seus programas, que têm valorizado a produção cultural local, demonstrando que é possível fazer televisão com qualidade, sem os famigerados valores de pecúnia, próprios às mídias convencionais e de canais abertos. Some-se esse esforço ao mérito daqueles que deixaram os nossos Cursos de Comunicação e conseguiram engajamento imediato em um mercado de trabalho bastante concorrido.

Tenho visto, até com um misto de prazer e orgulho, quantos dos nossos ex-alunos estão à frente das opções culturais e artísticas demonstradas pela TV Cidade de João Pessoa. Pena que seja esta uma mídia bastante restrita, exclusiva de poucos, não em função da sua qualidade, mas, do seu acesso. Utilizando tv a cabo, satélite ou banda larga, como é o caso da TV Cidade, muitas emissoras têm perdido a oportunidade de mostrar mais amplamente o que de melhor é produzido culturalmente no seu próprio meio, dos mais variados segmentos.

No que tange à questão dos interesses mercantis da televisão brasileira, sobretudo, em razão de sua programação diária, isto vem sendo apontado por especialistas como sendo o fator principal e motivador a um tipo de “desdenhamento” à nossa produção regional e local. Prática que depõe em detrimento da importância e do significado de tantos valores culturais hoje existentes, até muito próximos de nós. Portanto, parabéns à recém-lançada TV Cidade de João Pessoa.

ALEX SANTOS da Academia Paraibana de Cinema, professor e cineasta.
E-mails:
alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br

sábado, 18 de setembro de 2010

A hora e vez do cinema espiritual



Cena do filme "Nosso Lar"
Há trinta anos, quando começara a escrever o meu primeiro livro – “Cinema & Revisionismo” –, fiquei curioso com uma expressão do amigo Wills Leal, também em seu livro “Cinema e Província”, sobre a existência nos anos sessenta de um suposto movimento paraibano de produção cinematográfica. Segundo ele, havia por parte de membros da intelectualidade de então um desejo enorme de se fazer cinema, mas, sem as mínimas condições materiais, o que ele chamaria de “cinema espiritual”. Um tipo de cinema que ficava, apenas, na ideia e jamais saía do papel.

Anos depois, entrevistando-o para o meu filme “Cinema Inacabado” – uma justa homenagem a João Córdula do Cinema Educativo da Paraíba –, fiz questão de levar o próprio Wills ao local onde funcionava a Churrascaria Bambu, na Lagoa, para que ele falasse sobre o assunto. Um tipo de “cinema” que se fazia naquela época de múltiplos sonhos cinéfilos, depois que saíamos das redações dos jornais e das sessões de Cinema de Arte.

Pois bem. Esta semana, alertado por minha filha Mônica através de e-mail, soube de uma enquete que o Ministério da Cultura está promovendo: Uma votação pública para a sugestão do filme brasileiro a ser indicado para concorrer ao prêmio de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar 2011. Que me conste, isso é inédito, por se tratar de uma ação cultural de governo verdadeiramente democrática e de respeito ao gosto popular. Mais ainda, quando se sabe ser este um dos países mais espiritualistas do mundo...

O mais interessante vem agora, quando constatamos que a preferência popular é pelo filme dirigido por Wagner de Assis, “Nosso Lar”, inspirado no livro de Chico Xavier, já assistido por mais de 2 milhões de espectadores em todo o País, em pouco menos de três semanas. O que é mais curioso, ainda, é o fato de os três primeiros filmes colocados na enquete (de mais de 20 filmes nacionais) tratarem do tema da espiritualidade. Pela ordem da pesquisa, que se encerra neste final de semana, a opção popular é a seguinte: “Nosso Lar” com mais de 70% de indicação; “Chico Xavier” com 9% e “Os Famosos e os Duendes da Morte” com 6%.

Ao contrário do “cinema espiritual” de que argumentara Wills Leal, um cinema feito apenas de ideias e de arroubos etílicos próprios às noitadas na “Bambu”, nos anos 60, este de hoje se concretiza real e espiritualmente. Menos (apenas) pelos lampejos visionários que tivemos naqueles tempos de sonhos doirados do Cinema Paraibano; agora, muito mais por um modismo mercantilista, que é próprio do cinema enquanto Arte e Indústria. Cinema esse então ilustrador de uma “espiritualidade cênica”, que tem sido interpretada, em verdade, como uma espécie de ópio por boa parte do nosso povo.

Quanto à “espiritualidade” contida numa das sequências do nosso “ANTOMARCHI” e a indicação de “Nosso Lar” ao Oscar” hollywoodiano... são uma outra estória.

ALEX SANTOS da Academia Paraibana de Cinema, professor e cineasta. E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br

domingo, 12 de setembro de 2010

Tecnologia e Jornalismo Científico














Ícone tecnológico das Comunicações

Informação e Tecnologia, nos dias atuais, são valores fundamentais ao processo de conhecimento e desenvolvimento das sociedades organizadas. Talvez muito mais do que antes, em toda a história da Humanidade. Isto por que, no bojo desta afirmação, intrinsecamente se nos apresenta contida, de certo modo, a perspectiva clara de outro também importante e contemporâneo valor: o Jornalismo Científico.

Tecnologia e Jornalismo Científico, por assim dizer, sendo valores paradigmáticos, igualmente aliados à modernidade da Informação e aos balizamentos de um novo modo de ser da Comunicação e de seus informados. Fenômenos esses, que consubstanciam reverberações de tamanha magnitude, através da segmentação dos media, que jamais nos deixariam outras opções de viver, senão por intermédio da absorção de tais ecos de conhecimento.

Sob tais reflexões, e aludindo às aspirações coletivas de ávidos saberes, sobretudo, no mundo acadêmico superior, vimos testemunhando importantes iniciativas no setor. Iniciativas, que se sensibilizam cada vez mais, quer no dogmático âmbito dos laboratórios especializados, quer nos encontros de cunho específico, como as INTERCONS, por exemplo. Refletindo sempre sobre a real problemática das perspectivas de difusão científica, sob o foco das teorias da Informação.

No ato científico da Comunicação, as bases de uma Mídia contemporânea em compromisso com as novas experiências e diagnósticos mais aprimorados, tendo como parâmetro a diversidade cultural das massas, nas várias regiões do País. Uma espécie de busca à “sensibilidade” dos informes ou – como diria o sociólogo Edgar Morim, em relação às Artes – a “humanização” dos instrumentos e organismos geradores de políticas científicas e tecnológicas voltadas para o exercício da Informação.

ALEX SANTOS da Academia Paraibana de Cinema, professor e cineasta. E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br