quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A mídia da carnavalização!


O Cinema tem gerado ao longo do tempo a concepção de que o fantástico e a aventura possam, sim, acontecer no mundo real. Não fosse assim, o virtual no cinema não teria a magia que tem. Mas, essa fantasia foi com o tempo transformada em uma verdade cruel, nociva aos padrões de civilidade que tanto se deseja.

Se for verdade também que a tecnologia e o cientificismo mostrados pelo cinema, ainda nos idos do filme “mudo”, como propostas inovadoras em suas estórias serviram de prenúncio à realidade de hoje, isso se deve à importância de alguns filmes emblemáticos. Obras que ao longo do tempo conseguiram influenciar multidões, provocando experiências e inovações.

Em razão disso, um paralelo inusitado se nos apresenta neste momento, entre o virtual que sempre se mostrou no cinema e a cruel realidade dos nossos dias. Exemplo típico, a banalização do crime, por consequência, da vida. Heróis e bandidos, hoje, parece conviverem lado a lado. O aparato usado pelo Estado e mostrado diariamente pela mídia, sobretudo eletrônica, é algo que transcende à própria aventura cinematográfica. Mas, sem sucesso.

Se, no passado, os chefões foram figuras sempre temidas pelo populaço, menos pelos “mocinhos” e super-heróis de cada filme, atualmente as atitudes e ações desses mesmos chefões são sublimadas em importância por um tipo de pirotecnia exacerbada e propagandística do próprio aparato policial. Tem prevalecido a carnavalização do fato, também pela mídia, em detrimento da seriedade e respeitabilidade da gestão publica.

Inadmissível, determinados cotejos terrestres, muitas vezes aéreos transportando marginais e chefões tidos perigosos de uma localidade a outra do país para audiências de Júri. Situação essa que caberia a Justiça, inclusive, a “responsa” de algumas medidas que ainda não estão sendo tomadas, em benefício da economia pública e do próprio bem comum. As audiências “internéticas” não seriam a solução adequada, por sua vez mais econômica para casos dessa natureza?

Nem mesmo as “tropas de elite” e as berrantes sirenas de seus comboios têm conseguido dar jeito na situação hoje sofrida pela nossa sociedade.

ALEX SANTOS da Academia Paraibana de Cinema, professor da UFPB e cineasta.
E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Academia de Cinema abre inscrições

Membros da Academia Paraibana de Cinema
O meio cinematográfico mais uma vez se entusiasma no propósito de reconhecer e promover os seus valores locais, sobretudo humanos. Sob a égide de seu órgão mais representativo, o Conselho Diretor da Academia Paraibana de Cinema (APC) resolve abrir inscrição para a Cadeira no 1, cujo Patrono é Walfredo Rodriguez, no sentido de preencher a vaga deixada pelo cineasta Linduarte Noronha de Oliveira, falecido no início deste ano.

O pioneirismo do Cinema Paraibano e o esforço hercúleo daqueles que o construíram durante décadas, em todos os seus segmentos, continua sendo lembrado e homenageado através da imortalidade. Selo indelével da nossa Academia. Igual tributo tem sido prestado àqueles a cujas Cadeiras são hoje designados. Passado e presente dão sentido maior à cooptação para esse tão almejado reconhecimento, valorizando e motivando inclusive as novas gerações à resistência cultural e aos feitos de um “Cinema de Província”, que se fez grande até os dias de hoje.

Outrora, sem embargo algum de uma filosofia sobretudo focada no “Cahiers du Cinéma” e na “Nouvelle Vague”, no amplo pensamento crítico europeu, houve de nos respaldarmos na vivência do nosso cineclubismo e em filmes simbólicos e memoráveis. Em meados dos anos cinquenta, o surgimento da tão querida Associação dos Críticos Cinematográficos da Paraíba (ACCP) e do Cinema Educativo reforçaram-nos as bases reflexivas de um cinema reconhecidamente “atonal e espiritual”.
 
É em razão de todo esse marcante passado que o Conselho Diretor da APC, observando o que determina o Art.12 de seu Estatuto declara vaga a Cadeira no 1, ficando abertas a partir da presente data, até dia 30 deste mês as inscrições ao seu preenchimento. Poderá se candidatar, conforme preceitua o Art.6o do Estatuto, paraibano nato ou que reside há mais de 5 (cinco) anos e comprove reais atribuições com o cinema paraibano. Inscrições devem ser feitas no site: willslealcinema@gmail.com
 
ALEX SANTOS da Academia Paraibana de Cinema, professor e cineasta.