sábado, 29 de agosto de 2009

Cinema: contradições entre apoio, produção e exibição

A soma não é de se jogar fora. Muito menos ignorá-la. Sob a chancela da chamada Cota de Tela, o Governo vai injetar quase um bilhão de reais no mercado cinematográfico brasileiro através do PAR 2009 - Prêmio Adicional de Renda. Uma espécie de “PAC” da Cultura, que objetiva tirar da letargia a distribuição de filmes nacionais, já que a produção está com a carga toda.

O PAR é um mecanismo de apoio automático às empresas de cinema, nos seus três segmentos representativos: produção, distribuição e exibição. Embora haja certa euforia no meio cinematográfico com o apoio, há de se considerar que, nessa espécie de cadeia produtiva, existe o lado mais carente que é o do mercado exibidor. Fato que vem de ser reconhecido, inclusive, pelo próprio Diretor-Presidente da ANCINE, Manoel Rangel (de terno na foto).

Conforme disse em entrevista recente, “o baixo número de salas de cinema e a sua concentração nos grandes centros urbanos representam um entrave ao desenvolvimento sustentado da indústria. Com quase 200 milhões de habitantes, temos apenas 2.278 salas de cinema, distribuídas em 409 municípios”.

Pois é. Enquanto a produção de filmes aumenta, situação que vem se mostrando auspiciosa para o nosso cinema, o número de salas diminui, configurando uma verdadeira contradição. Talvez por isso a ANCINE venha apoiando os cinemas de uma e duas salas com recursos do PAR, desde a implementação do programa há mais de quatro anos. A ampliação dos mercados de exibição é um dos nossos maiores desafios.

Agora mesmo, não sei se tocado por essa realidade, o IPHAEP tenta a todo custo reativar duas salas de cinema em Campina Grande: o Capitólio e o São José. Ambos, totalmente abandonados pelos Poder Público local. No caso específico do São José, trata-se de uma novela que vem se arrastando havia anos. Com essa nova investida do Governo do Estado, junto à Prefeitura local, é possível tenhamos algum desfecho favorável para as duas tradicionais salas de cinema daquela cidade.

ALEX SANTOS da Academia Paraibana de Cinema, professor e cineasta.
E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br

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