segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Aruandando em novas performances

Com início previsto para esta sexta-feira (09), já na sua sétima versão o importante Festival Aruanda do Audiovisual Brasileiro traz inovações. Seu organizador resolveu socializar mais o certame, saindo um pouco das conchas suntuosas, que são os auditórios, para as areias do Busto de Tamandaré, na praia de Tambaú. Essa nova performance “aruandaria” uma avaliação considerável, ratificando os recursos públicos gastos na realização do festival, o que vem de ser justificada a medida pela própria coordenação do evento.

“Exibir filme nas areias de Tambaú significa, sem sombra de dúvidas, devolver ao público, de forma massiva, o que é bancado com recursos públicos, então diria que essa é a razão de o evento ser realizado, levar cinema para um número substancial de pessoas ao ar livre, na mais democrática experiência que já tivemos de compartilhar conteúdos audiovisuais com o público”.

Até aí tudo bem. Meritórios a intenção e o novo gesto organizacional. Mas, pelo que estamos também sabendo, extrapolando sua real finalidade, o festival até então considerado essencialmente cinematográfico, o deste ano deve agregar um valor diferenciado, digamos assim, um marketing “populista” ao projeto: shows com bandas de música, também ao ar livre. Será que estamos entendendo bem? Já não bastam os famigerados e contínuos “forrós de plástico”, que assolam o sossego da cidade?

Será que o Cinema que conhecemos está saindo de sua própria rota? Ou o conceito clássico de CERTAME é que foi alterado? Pelo que se entende, Certame é um ato público de competição, para estabelecer uma graduação de valores. No caso específico de um festival de cinema, mensurar a qualidade dos filmes, técnicos e realizadores inscritos em mostras e competições.

Agora, uma programação que busca mixar sessões públicas de avaliação crítica de cinema, sob uma ótica de responsabilidade técnica, com efémeros shows de música... fica difícil de entender. E não se venha justificar que a merecida homenagem a um músico do naipe de Vandré possibilite tal aberração!

ALEX SANTOS da Academia Paraibana de Cinema, jornalista, professor e cineasta. E-mail: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br

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