sábado, 5 de novembro de 2011

“Capitães da Areia”: uma abordagem audiovisual

Cena do filme "Capitaes da Areia"
O texto seguinte é uma colaboração da aluna
Stephanie Araújo, mat. 10913456, da disciplina Direção de Programa TV-I, do Curso de Comunicação Social - Demid/UFPB.

 Todos nós sabemos que a obra de Jorge Amado, Capitães da Areia, é fantástica, completamente bem feita e capaz de prender o leitor até o final do
livro. Sem falar que é uma leitura obrigatória para estudantes de todo o país, sendo, com certeza, um dos livros mais conhecidos do autor, com uma rica história e com ricos personagens, cada um com suas especificidades e sua importância na narrativa. Os vários temas abordados na época, em 1930, ainda hoje são atuais. Os capitães da areia ainda existem nas ruas do nosso Brasil. Agora imaginem só a complexidade de transformar essa obra literária num filme. Imaginaram? Não é
mesmo uma tarefa muito fácil, não é? Aliás, adaptar qualquer obra literária para o cinema sempre será uma missão difícil, passível de muitas críticas negativas. No entanto, uma pessoa muito especial se encantou pela obra de Jorge Amado, aceitando o desafio de levar Capitães da Areia para as telonas. E essa pessoa é simplesmente a neta do autor, Cecília Amado. Quanta pressão, hein? Além do livro apresentar uma enorme complexidade, a diretora do filme é neta do
autor do livro, o que fez muitos acharem que ela tinha a obrigação de fazer um filme à altura de seu avô. Na minha humilde opinião, ela conseguiu.
O filme “Capitães da Areia”, pelo menos para mim, merece muitos elogios. Foi muito bem produzido e dirigido. Isso sem falar da fotografia e trilha sonora que são espetaculares. A trilha sonora, feita por Carlinhos Brown, é um show à parte, se encaixando perfeitamente em cada cena do filme, e contribuindo com a emoção do telespectador que se deixa levar pelas canções e pode viajar um pouco no mundo daqueles meninos de rua. Por falar nisso, os personagens principais do filme são representados por meninos de Salvador pertencentes à ONGs da Bahia, e que moram em comunidades, ou seja, que são carentes. A autora do filme optou por trabalhar com não atores justamente pelo fato de querer aproximar a realidade desses meninos com a dos personagens do livro, até porque não temos no Brasil muitos atores profissionais na faixa etária de 14 a 16 anos que se encaixem no perfil dos personagens. Logo, Cecília Amado buscou nas ONGs da Bahia os seus capitães da areia. O fato dos personagens principais do filme não serem atores de cinema, fez com que muitas pessoas criticassem negativamente a atuação dos meninos na tela. É perceptível, em algumas cenas, que não estamos vendo atores profissionais, mas
podemos observar, quando a história avança no tempo, que a atuação dos meninos
evolui e tudo fica mais natural e gostoso de ver.
É óbvio que num filme de 1h e 40 min não dá para abordar todo o universo do livro, por isso a autora do filme nos mostra apenas uma fase da história dos capitães, quando os meninos estão passando para a fase adulta. Isso tudo é feito de forma muitas vezes aleatória, diferente do livro, que conta a história de forma linear. Contudo, é totalmente compreensível a mensagem do filme, e podemos nos prender nas poltronas até o desfecho da trama. Até quem não leu o livro de Jorge Amado é capaz de entender perfeitamente o filme e se apaixonar por essa história e por esses personagens.
O filme “Capitães da Areia” é muito emocionante, engraçado e envolvente. Triste é o fato de saber que os capitães da areia estão vivos nesse país. Mas vale a pena conferir essa obra de Cecília Amado, que nos mostra os personagens do livro vivos ali na tela. Com certeza, a neta de Jorge Amado merece muitos elogios por ter encarado esse desafio com tanta seriedade e dedicação, e, a meu ver, tendo se saído muito bem. Além disso, depois desse filme, muita gente vai querer adquirir seu exemplar do livro. Um ponto muito positivo, já que atrai as
pessoas para a leitura.
Enfim, espero que tenham gostado do texto e, por favor, comentem, critiquem, discordem. A opinião de vocês é sempre muito importante e bem-vinda. Ah! Só para reforçar: assistam ao filme quando estiver disponível em DVD. Nós devemos valorizar e prestigiar mais o cinema nacional.

ALEX SANTOS da Academia Paraibana de Cinema, professor e cineasta.
E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br

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