segunda-feira, 8 de março de 2010

Elementar, meu caro Tio San!


Sinceramente, de uma coisa tenho certeza: subestimei, em parte, o senso político dos americanos. O viés de minhas observações iniciais sobre o Oscar deste ano foi direcionado para o fantástico e o pirotécnico dos atuais recursos tecnológicos da imagem e do som (veja artigo anterior); jamais ao sentido, digamos, politicamente globalizado da grande Nação. Resultado, de favorito “Avatar” contentou-se com apenas três douradinhas, deixando para o seu principal concorrente os loiros de Melhor Filme e Melhor Direção. Tsunami que levou de eito até o Tarantino e seus “bastardos inglórios”, com ressalva para o excelente Christoph Waltz – melhor ator-coadjuvante do ano.

“Guerra ao Terror” foi a grande consagração da noite, arrebatando meia dúzia de estatuetas e preconizando ao mundo todo que mulher também sabe fazer “movie business”. E nada mais oportuno nesse seu dia. Kathryn Bigelow (foto), a primeira mulher a levar o grande prêmio da Academia de Hollywood foi a celebridade da festa. Uma presença nostálgica, durante toda a noite do Oscar: Christopher Plummer, indicado para melhor ator-coadjuvante, acabou sendo esquecido aos seus mais de oitenta anos de idade. Quem não se lembra do Coronel Von Trap, em “A Noviça Rebelde”? – trejeitos, caras e bocas inconsistentes deram-lhe um início melancólico.

E por falar em canastrão... As figuras mais ridículas da noite: os apresentadores Steve Martin e Alec Baldwin, este, também um canastrão de marca maior, fazendo “beicinhos” sem graça. Será que a Academia ainda não percebeu o tipo de “humor” sem propósito que acontece todos os anos, durante a entrega do Oscar? Já não temos mais um Bob Hoppe, que liderou a instituição durante anos, cuja presença no palco era o prenúncio do riso de toda a platéia. Afora o saudosismo, o fato é que as tais piadas para “quebrar o gelo” (?) são, realmente, desnecessárias. Já basta de todo mundo querer fazer gracinhas...

Como toda celebração que se presa, há especulações muito comuns à festa do Oscar. Este ano, a de que o prêmio principal, na categoria de Melhor Direção, não poderia ser menos controversa: Kathryn Bigelow bateria seu ex-marido, James Cameron (“Avatar”), e se tornaria a primeira mulher a vencer a estatueta. Reforce-se, contudo, que o momento do orgulho americano em relação à sua situação no Iraque é bastante sintomático. Isso jamais deve ser descartado. E o filme “Guerra ao Terror” (produção independente), de certa maneira, trata desse assunto. Então...

ALEX SANTOS da Academia Paraibana de Cinema, professor e cineasta. E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br

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