domingo, 14 de março de 2010

Barretinho: um crítico sem maiores artifícios


Quando o amigo Sílvio Osias, Editor Geral de A União, no encarte especial deste domingo (14), afirma na sua apresentação Ao mestre, com carinho: “os próprios colegas de ACCP são unânimes em reconhecer a sua prioridade sobre os demais”. E que, “Antonio Barreto Neto (foto) foi o nosso melhor crítico de cinema”, estaria afirmando o que já é senso comum entre nós, que vivemos a sua geração nos tempos áureos da Associação dos Críticos Cinematográficos da Paraíba.

Conheci o nosso “Barretinho” em meados dos anos sessenta, através do programa dominical “Luzes do Cinema, da Rádio Tabajara, na voz marcante de Antonio Lima. Nessa época, se não me engano, era diretor da PRI-4 o jornalista e também homem de cinema Linduarte Noronha. Foi assistindo ao programa e sendo sorteado com um livro (“Trilogia do Herói Grotesco”), na seqüência de “perguntas e respostas” sobre a Sétima Arte, que mantive meu primeiro contato com Barreto Neto.

Posteriormente, nos encontramos na ACCP, agora também como membro da instituição e partícipe das exibições do Cinema de Arte, que aconteciam no Cinema Municipal. Anos depois, quando já militava pelos caminhos do Festival de Arte de Areia, com o amigo Zé Octávio de Arruda Mello, isso já no início dos anos oitenta, mantive contato mais estreito com Barreto, quando então ele analisaria e prefaciaria o meu primeiro livro:

-– Há mais de oito anos militando na crítica e na realização cinematográfica – e adotando, em ambos os fronts, a mesma postura (digamos) política – Alex Santos tem a autoridade que lhe confere essa experiência para falar com desembaraço sobre as duas coisas. E foi com essa autoridade que ele escreveu “Cinema & Revisionismo”. Dizia Barreto na sua Apresentação para o meu livro. E acrescentava sobre nossas ações no Festival de Areia:

-– Será possível reativar o movimento cinematográfico da Paraíba? Alex acredita que sim. Pelo menos é o que se conclui das provas que dá em “Cinema & Revisionismo”. A idéia que Alex nos dá é a de que, desde que haja o necessário apoio dos poderes públicos, a soma e a continuidade desses esforços isolados (como os de Areia) poderão permitir a reativação e estabilizar o processo de produção cinematográfica na Paraíba. Vamos torcer por isso.

A apreciação de Barretinho para “Cinema & Revisionismo”, uma simples resenha sobre nossas atividades em cinema, no estado, tocou na ferida maior, qual seja, a de uma visão político-cultural mais circunstanciada. O livro faz crítica ácida inclusive ao setor privado e da imprensa, sobretudo escrita, pelo descaso à causa do nosso cinema. Ficando ACCP, UFPB, Cinema Educativo da Paraíba (leia-se João Córdula) e alguns esforços independentes com os óbices e as soluções criativas ao real desenvolvimento do nosso cinema de província.

Nomes como o de Barretinho, não só no jornalismo, mas na crítica especializada de Cinema, permanecem. Jamais são esquecidos. Agora mais que nunca, tendo o selo da sua Instituição maior, a Academia Paraibana de Cinema (APC).

ALEX SANTOS da Academia Paraibana de Cinema, professor e cineasta. E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br

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