sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Vai-se o Homem; fica, para sempre, a alma do Artista!

Cineasta Linduarte Noronaha

Quando do cinquentenário de sua obra maior, em 2010, conclui minha saudação a ele, em artigo que publiquei, com a seguinte expressão: – Parabéns, amigo Linduarte! Pelo feito marcante de “Aruanda” e por existires. A rigor, o “... e por existires”, à época, tinha o significado de sua existência física, de sua coloquial convivência entre amigos de universidade, de cinema e, então, de Academia. Agora, reavaliando a mesma expressão (... e por existires), vejo que o seu sentido não muda muito. Ela é tão própria e sintomática como a de antes. Pela razão simples de que o bom Artista é eterno. Ele sempre existirá!

Não rasgarei agora elogios à sua obra, já que o fiz, conscientemente, ao seu próprio valor, em outras ocasiões. Mais ainda, porque inúmeras foram as citações feitas ao produto de seu trabalho pela imprensa, nessa última semana. Referências essas merecidas, sobejamente sabidas e as quais aplaudimos.
Mas, por analogia, lembro que ele começou a existir já com nome de artista. Não só porque tenha realizado um dos documentários mais revolucionários da história dos cinemas paraibano e brasileiro, dando novos ares ao sonho em celuloide, mas, por ter mesmo nome que leva a marca da própria Arte.
Arte de nome e de feitos, se lembrarmos, por exemplo, duas obras inesquecíveis do nosso cinema: “Aruanda” (que fiz questão de homenagear, recentemente, numa das cenas do meu filme “Antomarchi”, resgatando a esquina do Cine Rex dos anos 60) e “O Salário da Morte”, primeiro longa-metragem considerado genuinamente paraibano.
Pois bem, independentemente do feito por ele realizado, detenho-me ao seu nome de batismo: LINDUARTE. Afora o signo valorativo que a expressão possa imprimir, uma espécie de EQUAÇÃO do seu nome é deveras significante, igualmente, no plano das artes. Senão vejamos esta simples “equação”: Trocando-se a base/raiz da estrutura da palavra (Lindu) por “belo” (a) + Arte = Bela Arte. Desculpem a trocadilho, mas não seria coincidência demais?...
Hoje, irmanando-me às condolências sobre o seu recente passamento, presto também a minha homenagem ao nosso “prior”, não apenas pelo seu feito com “Aruanda” – cinquenta anos de escola de cinema documental no Nordeste brasileiro, sobretudo – mas, certamente, pelas bases técnica e reflexiva por ele utilizadas, em razão dos valores locais, aos quais ainda hoje recorremos, em termos de Cinema na Parahyba. Mais ainda, em razão de sua destacada memória representativa/respeitosa, que, acredito, jamais será olvidada.
Vai-se o homem; fica, para sempre, a alma do Artista!

ALEX SANTOS – Vice-Presidente da Academia Paraibana de Cinema. Cineasta e professor.
E-mails: .bralexjpb@yahoo.com.br \ contato@asprod.com

Um comentário:

Alexandre disse...

Belíssimo texto, Pai. Te amo.