segunda-feira, 4 de abril de 2011

CINEMA, TV e INTERNET – SEMELHANÇAS DESSEMELHANTES








Não é de todo verdade a afirmação de que a Televisão seria hoje a principal diversão no Brasil. Existem fartas especulações neste sentido. Contudo, inovadores meios e formatos de produção e diversificadas mídias, certamente estariam abocanhando uma boa fatia do nosso mercado de entretenimento, além das televisões abertas, claro... As TVs à cabo e por satélite, sobretudo a Internet, são provas cabais de que a “telinha” não está assim com essa bola toda... O assunto, por si só, daria uma longa reflexão especulativa. No atual estágio das comunicações, o confronto de mídias audiovisuais nos remete, sintomaticamente, a outra semelhante questão evidenciada nos anos 80, entre o Cinema e a TV, com o fechamento de centenas de salas de projeção em todo país. Oportunidade em que se preconizava tanto da expressão, quase transformada em máxima: “A televisão fechou o cinema!”. Não sou, nunca fui e jamais serei adepto desse infundado escapismo. Em verdade, defendo a tese de que, a rigor, o que contribuiu mesmo para a diminuição do fascínio popular pelo cinema foi (e continua sendo) a impossibilidade dessa arte em superar suas próprias limitações técnicas frente às sofisticadas tecnologias atuais. Por conta disso, não expandindo assim uma melhor performance no tempo e no espaço, o que vem conseguindo fazer a televisão, obviamente, e os medias mais recentes, como a Internet, por exemplo, detentores estes da simplificação e da modernidade ao novo sistema audiovisual. Estatísticas mostram que, em mais de 20 anos, o cinema perdeu mais de cinqüenta por cento dos seus espectadores. Isto, em números reais significa dizer o seguinte: a freqüência ativa dos cinemas caiu de 13 mil para 7 mil espectadores. Um salto regressivo catastrófico para uma arte considerada anteriormente de massa. Os motivos dessa regressão já não são tão ignorados. Primeiro, as grandes salas de exibição deram lugar aos cinemas menores. Multiplex foram criados com sistemas digitais sofisticados de som e projeção, adotando novos formatos lingüísticos, além de acomodações devidamente climatizadas e mais confortáveis... Segundo, o grande público continuou afastado, agora, sob a alegação da alta do preço dos ingressos, da insegurança nos grandes centros e nos bairros, enfim, uma série de desculpas que podem até justificar, mas não convence de todo. Também, uma das raízes mestras do problema estaria certamente naquilo que acredito ser a ritualização dos atos humanos na busca do entretenimento. Existem formas de sentir, de viver, que estão se modificando através dos tempos. As pessoas, de alguma maneira, estão perdendo o hábito de certas práticas existenciais, inclusive o rito de ir ao cinema. Porque estamos sendo compelidos a substituir uma ritualização de vida por outra, adotando uma fórmula que acredito inevitável aos dias de hoje: menos stress, mais comodidade. Parece que a "home life" veio mesmo com a “terceira onda...” de Tofflin. Em todo esse fractal universo transformista de atitudes, não menos seria verdade uma também preconizada retomada do Cinema nos dias atuais. Mas que essa “retomada”, não tenhamos ilusões, jamais chegará a restabelecer o verdadeiro "ecran" de uma Arte que, dentre muitas outras, conseguiu ser a Sétima e a mais glamorosa de todos os tempos. --- ALEX SANTOS é advogado, jornalista, cineasta e professor-mestre de Direção de Programas de TV, do Departamento de Mídias Digitais da UFPB e membro da Academia Paraibana de Cinema. E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br

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