quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Cinema com muriçocas, “muriçocas” no cinema


Quiçá, o trocadilho sirva para parodiar um pouco sobre uma época em que tudo é carnaval. Evento que mixa, até, cinema com muriçoca e vice-versa. Mas, a intenção, aqui, é bem simples: lembrar que, apesar de uma coisa não ter a ver com a outra, tecnicamente, em verdade, existe certa relação entre o cinema e a muriçoca, sim. Para os que não acreditam, é só lembrar a saga dos nossos espectadores, em tempos idos.

Houve uma época em que se ir ao cinema, lembrando bem, era provar, igualmente, de uma batalha contra os famigerados insetos. Eles nos picavam as pernas e braços... Quando não eram pulgas, era muriçocas que nos azucrinavam a paciência. Tanto que, principalmente nos cinemas de bairros, sempre fora difícil o espectador conciliar o interesse pelo filme, por mais ação que tivesse, e as mordidas covardes de tais insetos. Não era brincadeira, não!

Hoje, com a globalização e a sofisticação dos ambientes e meios, as novas tecnologias, os transformismos comportamentais da nossa sociedade, entre outros “ismos”, muriçoca virou “chic”. A prova está nesses mais de vinte anos, quando o incômodo de um simples inseto virou o culto de uma massa de foliões aloprados, que nos tomam as avenidas e ruas, num burburinho que mais parece coisa de louco!...

O sucesso das “Muriçocas de Miramar” – este ano, homenageando o Cinema com camarote, autoridades e tudo – confirma a importância social não do inseto, em si, mas do mito em que se transformou a muriçoca. Um elo de euforia de quase meio milhão de pessoas, almejando o ano inteiro por uma simples e única quarta-feira. Hoje, cognominada de “Quarta feira de Fogo”! Coisas de uma Sociedade carente de governo; de um Governo carente de mais simpatias!...

ALEX SANTOS da Academia Paraibana de Cinema, professor e cineasta. E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br

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