domingo, 4 de outubro de 2009

O iniciador paraibano dos “Caminhos do Cinema”

Natural do Município de Monteiro, na Paraíba, ele é considerado um dos iniciadores dos “Caminhos do Cinema” (Agir-1958), em nosso Estado. Título do primeiro livro igualmente importante sobre cinema, numa época em que tínhamos sempre em mãos algumas publicações de outros estados, exemplo da Revista de Cultura de Belo Horizonte, e até estrangeiras como a “Cahiers du Cinéma”, que nos proporcionaram indicações importantes sobre a arte-do-filme européia. Uma de minhas principais Escolas.

Pois bem, a morte do intelectual católico e humanista José Rafael de Menezes, nesse final de semana, nos deixa ainda mais pobres. Órfãos de uma tradição cinematográfica havia muito cultuada e respeitada por toda uma geração cinqüentenária, da qual orgulhosamente fizemos parte. Sua passagem ao patamar da espiritualidade encerra, se não me trai a memória, uma fase onde a Igreja via o Cinema como uma forma congraçadora, humana e não como arte exacerbada e, de certo modo desagregadora.

Sócio benemérito da nossa Academia Paraibana de Cinema, Zé Rafael (como era carinhosamente chamado) enxergou no cinema, através do seu livro “Caminhos do Cinema”, uma longa e promissora estrada onde Técnica e Humanidade cultural podem conviver plenamente – A uma auxiliando a outra de forma conciliadora e respeitosa. Um cinema construído jamais em detrimento do Homem e dos mais puros sentimentos cristãos. Essa, de fato, foi a mensagem do paraibano em seu livro sobre cinema, espécie de bíblia iniciadora de todos nós que fizemos a Geração 50/60.

Quando escreveu também “O Humanismo Socialista de Joaquim Nabuco” (Editora Bagaço/1999), quarenta anos depois, Zé Rafael ratificava suas posições filosóficas sobre o humanismo. Embora sob um viéis socialista, dissecando o “abolicionismo histórico do pernambucano Joaquim Nabuco, sua performance, como figura humana de intelectual, de ideário e comportamento sui-generis no cenário nacional.”

Na Paraíba, José Rafael de Menezes ocupou a Cadeira 50 do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano (IHGP), que tem como patrono José Américo de Almeida, sendo ainda membro da Academia Paraibana de Letras, Cadeira 25, da Academia Paraibana de Cinema e do Instituto Histórico e Geográfico do Cariri paraibano, Cadeira nº 60, e da Academia de Letras e Artes do Nordeste, Cadeira 49. Em Recife, onde viveu muitos anos, fez parte da Academia Pernambucana de Letras, Cadeira 05.

A Academia Paraibana de Cinema, por sua vez, lastimando a enorme perda, através do sentimento de toda a classe cinematográfica paraibana, registra suas condolências à família do ilustre paraibano de Monteiro, um dos iniciadores do movimento cineclubista em nosso Estado.

ALEX SANTOS da Academia Paraibana de Cinema, professor e cineasta. E-mail: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br

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