sábado, 4 de abril de 2009

Redescobrindo, no cinema, valores amigos

Lendo “Os Cinemas de Currais Novos” (Edições Viradouro-João Pessoa/2003), de Manoel Jaime Xavier Filho, médico conceituado na Paraíba, faço-o com certa sofreguidão. Como quem saboreia o mais sublime dos manjares. Mais ainda, porque redescubro no colega imortal da Academia Paraibana de Cinema, como se já não bastassem outros atributos que possui no campo da Medicina, sua veia poética sobre as coisas do cinema.
Digo ”redescubro”, simplesmente porque já o tinha parceiro nas reflexões cinematográficas, quando, em seu livro “Descobrindo a Cidade de João Pessoa”, anos antes, o amigo Jaime já se debruçava sobre o nosso cinema, inclusive me citando com “Cinema & Revisionismo”, livro que publiquei em 1982, pela Editora A União/PB. Referência que me honrou muito e que fiz questão de retribuir, em artigo sob o título “À guisa do que mais somos...”, publicado no dia 07 de setembro de 2006.
Pois bem, houve de existir a oportunidade de nos conhecermos pessoalmente, quando das primeiras reuniões para a formação da nossa Academia Paraibana de Cinema. Não terá sido surpresa alguma da minha parte, encontrar uma pessoa altamente apaixonada pelo cinema como o amigo Dr. Manoel Jaime. Sereno, porém preocupado com os detalhes da nossa APC; arguidor, quando necessário, aos arroubos de outro amigo nosso, Wills Leal.
No seu novo livro – “Os Cinemas de Currais Novos” –, uma particularidade: Jaime vai fundo às raízes das primeiras salas de exibição de filmes de sua cidade natal, alevantando nomes e fatos pertinentes ao que se propõe: historiar sobre uma Arte de povo, que, diferentemente de algumas outras, “aprendeu” com as massas a ser o mais importante veículo de entretenimento que jamais conhecemos.
Outro especial detalhe por mim captado no seu livro, quando ele afirma, “cinespaciando” em um dos capítulos: “O próprio dono do cinema viajava ao Recife onde locava os filmes. (e que) Era obrigado a alugar, de cada vez, um conjunto, com boas e péssimas películas, sem o direito de opção: uma prática tão antiga quanto a própria invenção do cinema.” Aqui, Jaime discorre sobre o estoicismo vivido também pelo meu pai (“Seu” Severino do cinema) e por mim, que o segui vivenciando essa saga durante anos. Esse terá sido, óbvio, o nosso “Paradiso”!...
Concluindo, parabenizo o confrade acadêmico (dublê de médico-cinéfilo) por sua notória sensibilidade sobre as coisas do Cinema. E que nossas reflexões, passadas e presentes, sobre tão importante segmento cultural e artístico tenham vida longa. E terminaria usando um dos trechos que considero emblemáticos do seu livro: “Entretenimento e cultura, sentimentos e emoções estiveram presentes em suas salas e ante-salas, alimentando sonhos e fantasias em sintonia com o inevitável realismo do dia-a-dia.” Esse é o Cinema, amigo Jamie, que nos é tão caro!

ALEX SANTOS – da Academia Paraibana de Cinema.
E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@academiaparaibanadecinema.com.br
contato@asprod.com.br

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