quinta-feira, 2 de maio de 2013

Errou, simplesmente deleta-se!

O  fotograma sempre foi a grande magia do cinema.                                                       
Com a arribada dos “luminares” da nossa filmografia para outras   plagas, convivi então com alguns de meus pares da Associação dos Críticos Cinematográficos da Paraíba, início dos anos setenta, a saga venturosa do pensar criativo e do fazer Cinema. Experiência que se prolongaria por algum tempo, desde que o saudoso Barretinho esteve à frente da presidência da ACCP. E aqui vai uma homenagem especial ao amigo. Época rumorosa e prazerosa, porquanto, mais que uma simples realização imperava o “sonho”. Sonho de um cinema quase sempre inacabado. Ou, como diria Wills Leal, “cinema espiritual”, no seu monumental livro Cinema na/da Paraíba.
Estivera eu, então, atuando ainda no Sistema Correio (não o de hoje), numa espécie de dublê, entre homem de cinema – exibidor/realizador – e locutor de rádio, no qual comungava com o amigo, também radialista Moacir Barbosa, vindo das bandas de Natal/RN, as experiências de dois programas de cinema (Curta Metragem, diariamente, e Cine Projeção aos domingos) na recém-inaugurada emissora do Ponto de cem Réis.
Na UFPB, da qual já fazia parte, envolvido também estava com a extensão de um projeto iniciado com “Aruanda”, que seria o de apoiar o então feito de Linduarte Noronha com a criação de um órgão interno, que tivesse um compromisso, digamos, semiprofissional de apoio ao estudante da instituição superior de ensino e à comunidade de um modo geral. Criamos  o Nudoc; só agora retomando o que, anos depois, deveria ter assumido.
Mas, a questão aqui focada é a seguinte: Houve o tempo em que fazer cinema era puro e elementar “artesanato”. Tempo, espaço e ritmo configuravam parâmetros funcionais e formais rígidos da narrativa cinematográfica, a qual se media e montava através de simples fotograma. Errou no corte da tesoura, dançou!... Hoje, não, lidamos com infalíveis frames. Errou, deleta-se e inicia-se tudo de novo. 
Bom demais!...
Os recursos digitais e seus diáfanos, que facilitam a vida e o feito de qualquer videomaker, que se proponha a fazer audiovisual, menos Cinema, tem feito de cada um “cineasta”. Tanto melhor... Não atoa, a proliferação de vídeos nesse mundo de Deus, na maioria dos casos sem nenhum conteúdo formal a ser mostrado, próprio à reflexão da verdadeira Obra de Arte.
 
ALEX SANTOS é vice-presidente da Academia Paraibana de Cinema, professor e cineasta.

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