domingo, 11 de abril de 2010

Por que a insistência de que documentário é Cinema?

Ator Ricardo Moreira, numa cena de "Antomarchi", de Alex Santos.






O Cinema é (e sempre foi) a Arte da Representação dos fatos. Desde que D.W. Griffith resolveu mobilizar sua câmera com “Intolerance”, em setembro de 1916, nos Estados Unidos, criando um novo olhar sobre a realidade. Abandonaria ele, naquele instante, o simples registro documental dos fatos, para usar da Dramaturgia, recriando personagens e situações vividas por estes. Representação, aqui entendida, como forma de recriação das alegrias e angústias das pessoas, verdadeiros atores na vida real. Hoje, mais que antes, massificadas, “documentariamente”, pela Televisão.

Com a sofisticação das atuais tecnologias audiovisuais, predominantemente reforçada pela Internet, o espectador de cinema já não aceita tanta fadiga causada pelos meios documentais de Informação. No final das contas, a emoção e o sonho reconstruídos pelo écran, ainda prevalecem como forma de entretenimento audiovisual, característica diegética primeira do Cinema; O que está na tela é da tela e é o que verdadeiramente conta. Não aquilo que queremos que prevaleça como “matéria jornalística”...

Longe de conter os ingredientes formais que a arte-do-filme exige para sua construção de início-meio-fim, parâmetros de linguagem inequívocos da dramaturgia e de leitura também narrativo-audiovisual, o Documentário já não deve ser encarado como Cinema. Não no sentido estrutural como forma de Arte da diversão e do encantamento. No caso específico do entretenimento, as estatísticas e bilheterias confirmam esta acertiva, fazendo do documentário um mero instrumento de registro de fatos, figuras humanas, instituições e épocas.

Erro crasso é se continuar admitindo ao mero registro audiovisual (“documento audiovisual”) o mister de Arte Cinematográfica. Quando se entende da importância do documentário, sobretudo de longa-metragem, como um raro produto de interesse da pesquisa social e histórica, com seus méritos intrínsecos. Atributo também da própria tv, ambos, destinados à Informação, muitas vezes, nem sempre de Comunicação.

Existe coisa mais maçante do que se assistir a um documentário numa sala de Cinema, com suposto e chato jeito de Cinema, com ou sem pipoca, durante mais de duas horas de repetidas entrevistas e depoimentos intermináveis? Ratifico: “Cinema é Diversão”! Que alguém me prove sair menos chateado do cinema ao ver (não assistir) tantas horas de planos-seqüenciais e falações repetidas, que não acabam nunca, muitas vezes para conclusões propositivas que deveriam ser muito mais simples...

ALEX SANTOS da Academia Paraibana de Cinema, professor e cineasta. E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br / www.ancomarcio.com

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