quinta-feira, 10 de outubro de 2013

A dualidade em “O Iluminado”

Jack Nicholson em O Iluminado
 
Peço vênia aos quantos nos tem prestigiado com sua leitura, para ceder o espaço a uma das nossas mais brilhantes graduandas em Jornalismo, do Curso de Comunicação Social da UFPB, Secyliana Braz (secybraz@hotmail.com). Em seu trabalho final de 70 período ela faz Análise Interpretativa de “O Iluminado”, importante obra de Stanley Kubrick. 
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     “O ILUMINADO” foi um filme produzido há mais de 30 anos, onde o conceito de terror e efeitos especiais se adequavam a necessidade da época. Entretanto, assistindo hoje, detectamos que os efeitos de susto, medo e terror planejados por Stanley Kubrick (“2001 Uma Odisseia no Espaço”) não se fazem tão eficientes. Logo que, com o advento de novos estilos de se fazer medo, os espectadores, hoje, necessitam muito mais do que fisionomias assustadoras, ambientes escuros, machados e criancinhas estranhas.
     Apesar desta distinção entre conceitos de terror da década de 80 e da atualidade, Kubrick conseguiu propiciar em certas cenas o verdadeiro tom sombrio de um filme de suspense e horror, tom este que perpassa décadas. Claro que, o elenco, os cenários, os figurinos, a trilha sonora, as falas das personagens e fisionomias dos atores contribuíram para a transmissão da realidade narrada ao espectador.
     “O Iluminado” não é um filme feito para que o espectador espere sustos explícitos. Na verdade, isto não é tão necessário na produção de Kubrick, tendo em vista ser uma produção feita para deixar o espectador perturbado, confuso, a mercê do horror, de uma história macabra e de significados ocultos. Neste aspecto, Kubrick, proporciona ao espectador a possibilidade de interpretar e ter uma conclusão própria da narrativa, o filme não transmite a nós a sua real intenção. No desenrolar do filme é possível que o espectador tenha suas próprias teorias e dúvidas sobre os personagens.
      A história do filme perpassa entre o desconhecido, o sobrenatural e o psicológico. Em certas cenas paira a dúvida entre o que é real ou fantasia das mentes perturbadas dos personagens. A patologia mental de Jack e Dany coexiste com a possibilidade de haver influências do sobrenatural na figura dos personagens fantasmagóricos. Ora o espectador pensa que o isolamento e a solidão da família provocaram nos personagens distúrbios psicológicos duais ora a impressão é que existe um processo de reencarnação ou até possessão.
     O fato é que, o filme apesar da duplicidade ou multiplicidade de significados e interpretações consegue introduzir e passar a sua principal e evidente ideia de que há uma dualidade entre o bem e o mal em todos nós, assim como nos personagens. E que é possível absorvermos a ideia de que, alguém que nos ama e nos quer bem, de repente pode passar a nos atormentar e perseguir.  Esse viés faz parte da construção do filme a fim de fazermo-nos sentir mal e perturbados.
     Se a missão de Kubrick é tentar dividir em dois lados a mente dos espectadores e incitar a inquietação e perturbação, então, ele conseguiu fazer isso muito bem através de “O iluminado”. Conseguiu de tal forma que apesar de tanto tempo passado desde o lançamento do filme, a obra ainda penetra de forma assustadora na mente dos espectadores. Embora, em algumas cenas o filme transite entre o horror e a comédia, típica referência ao gênero tragicômico, bem considerado em algumas feições ao mesmo tempo cômicas e horripilantes do ator Jack Nicholson. Ainda assim, “O iluminado” foi, é e sempre será uma obra-prima do horror.
 
ALEX SANTOS, Vice-presidente da Academia Paraibana de Cinema, professor e cineasta.

Um comentário:

SeCy BrAz disse...

Feliz e lisonjeada com a oportunidade de expressar-me na coluna semanal que o senhor possui no Jornal A União. Oportunidade de grande relevância e referência para mim, não só como estudante de jornalismo,sobretudo, como futura e, quase, jornalista. Um forte Abraço!