quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Cinema é prax e não só filosofia

Oficineiros que ganharam experiência cinematográfica em Areia.
Pelo que foi publicado recentemente no nosso conceituado e influente Correio das Artes, sobre a mais recente edição do Festival de Arte de Areia, vimos com certa frustração a carência gritante de relatos mais objetivos, especialmente com relação ao audiovisual. Afirmações filosóficas de que, “o desenvolvimento do cinema passa pelos cineclubes” são redundantes e só não bastam. Assertivas assim já fazem parte do nosso vocabulário ao cinema paraibano, de havia muito. As imigrações, essas que venham para somar. O cinema necessita de práticas; não só de filosofias.
Com ênfase, atribui-se o bastante sucesso do evento à presença da mulher, cuja homenagem em muito se fez justa, porém injusta, quando se refere em estrutura de programação, em face do que fora adotado nos primeiros festivais. Uma simples mostra de Cinema Paraibano, se nos parece um desdém e um apelo meio trágico ao não total esquecimento sobre o que se vem produzindo atualmente no Estado.
Nos primeiros festivais de Areia a nossa preocupação era a de perpetuar o incentivo da “prax” cinematográfica, através de concretas Oficinas de Realização. À época, com todos os percalços de produção (câmeras e suportes fílmicos de 16mm e Super 8). Hoje, com as facilidades do digital, essa prática deveria ser ainda mais exercida...
Pelo que vem de ser agora publicado e antecipadamente criticado, inclusive por assessores da própria organização, esse festival de Areia careceu de um maior espaço à produção de um cinema paraibano, que, mesmo perdendo aos poucos sua forma áurea em celuloide, ainda continua pujante. Sobretudo, na criação e no trabalho dos quantos tiveram como escola as oficinas do fazer cinematográfico, quando dos remotos festivais na cidade de Areia.
Não são poucos os que hoje barganham os espaços e as benesses dos editais de fomento à produção audiovisual, e que foram forjados do metal valioso do artesanato do fazer, sobretudo técnico, e das experiências dos já consagrados pelo nosso cinema e de fora da Paraíba.
Em respeito à sua tradição, o Festival de Arte de Areia só não basta ser apenas um “É... Vento!” Isso contradiz à frase atribuída ao próprio Secretário de Cultura, quando afirma: “... festival de arte não pode se resumir a meras apresentações artísticas, tem que mudar as pessoas.”    
A razão de tudo é que, nem sempre aquilo que se cogita fazer resulta plenamente satisfatório. Seja através de proposta bem intencionada ou de forma demagogicamente alardeada. E isso tem se verificado, em a miúdo, inclusive, no plano da Cultura. Mais “coisas de cinema” no site: www.alexsantos.com.br
 
ALEX SANTOS é Vice-presidente da Academia Paraibana de Cinema, professor e cineasta.

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