Pois bem, esta semana mais uma vez
encontrei o amigo Petrônio Souto na calçadinha, como sempre em busca do
pão-nosso-de-cada-dia. De conversa em conversa fomos diretos aos anos 60.
Segundo ele, época em que a indicação dos filmes em cartaz pela crítica
especializada tinha um fascínio todo especial. Ia-se ao cinema na maioria das
vezes pela indicação dos filmes através da imprensa.
Sabedor da minha condição de membro da
Academia Paraibana de Cinema reforçaria Petrônio a ideia de que deveríamos
retomar as indicações dos filmes em cartaz na cidade, agora sob a égide da APC.
De princípio, acreditei que seria uma possibilidade com as novas mídias,
porquanto temos hoje muito mais condições de veicular nossas opiniões sobre
cinema do que antigamente, quando só dispúnhamos de jornal e radio.
Ao nos afastarmos, fiquei deveras a
matutar sobre o assunto. Após mensurar melhor a ideia, comentei com a Lili de
que a época mencionada por Petrônio era outra. Hoje já não dispomos de Cinemas,
mas de Salas de Shoppings visitadas por uma adolescência faminta de efêmeras
pirotecnias audiovisuais. Excepcionalmente, o jovem tem demonstrado interesse
por uma indicação crítica de filmes em cartaz. Cinema, hoje, pode fazer parte
de um programa de shopping. Jamais de um ritual acadêmico como antigamente.
Por tudo isso, amigo Petrônio, é fácil
entender o verdadeiro e atual sentido do nosso cinema. Para os que privaram do
seu maior encanto, da magia e da sua cênica “realidade”, como “nosoutros”, não
é difícil de entender as diferenças impostas à arte-do-filme, em todos esses
anos. Longe de ser o atrativo maior de um
bairro, de uma urbe e de uma sociedade, o cinema foi relegado a um simples
apêndice cultural. As nossas atuais salas de exibição estão sendo frequentadas
não mais por ardorosos “habituées”, mas por mentes jovens e ávidas de
imediatismos.
“C'est la vie...”
ALEX SANTOS da Academia Paraibana de
Cinema, professor e cineasta.
E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br
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