Sávio Rolim é "Menino de Engenho"
Algum tempo atrás, também no meu blog
escrevi que a Natureza com todos os seus elementos “cênicos”, sempre me foi
simpática a um olhar cinematográfico. Talvez, por isso, sempre tenha tido
inclinação por filmar (ou gravar) no campo. Trata-se de um impulso pessoal e
muito natural de minha parte, se examinado todo o meu trabalho, desde os anos
sessenta aos dias atuais. Quiçá “Antomarchi”, mais recentemente, tenha sido uma
das minhas exceções.
Reforce-se a essa minha preferência pelo
telúrico os primeiros encantamentos que tive quando criança, que dava
preferência aos “cow-boys” exibidos nos cinemas do meu pai. Mas, tais
observações preferenciais vieram também de leituras de temas regionais, que me
fizeram a cabeça logo cedo: Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Câmara Cascudo,
os nossos Zés Lins e Américo, o poeta Américo Falcão e seu telurismo sobre as
praias de Lucena, além de mais alguns outros “vegetalistas”, segundo Virgínius
da Gama e Melo.
Razão essa que me fez fugir um pouco
dos temas urbanos, deitando um “olhar cinematográfico” (até romântico,
confesso) sobre o telurismo e o vegetalismo, de naturezas verdes de encantar.
Além de temas de raízes campesinas, como o Cangaço, por exemplo. E sempre
defendi que o nosso Cinema se identifica mais com esse temário que com
situações de polícia correndo atrás de bandido nos centros urbanos, situação
que se tornou a prax do cinema americano dos últimos tempos, inclusive como
temas para uma boa parte dos filmes brasileiros.
Esta semana, na sala de aula, um de
meus alunos me fez a seguinte indagação: “Professor, o que o senhor entende por
Paisagem Sonora?” Esclarecendo que este é um dos assuntos do programa de uma
das disciplinas do Curso de Comunicação Social, que venho ministrando.
Não me surpreendi de forma alguma com a
curiosidade do aluno, porquanto existir em cada um de nós, de quando em vez, um
instante de contemplação àquilo que, virtualmente, imaginamos existir. Na música,
também terá sido possível esse instante visual, que preconizamos de “paisagem
sonora”.
Respondi à indagação do aluno da
seguinte maneira: Imagine-se lendo um livro (e dei exemplos dos romances dos Zés
Lins e Américo). Imagine-se lendo o nosso Zé Lins do Rego, especialmente. O
romance dele é rico em vegetalismo, que nos fazem criar as nossas próprias
“paisagens virtuais”. Agora, imagine-se ouvindo atentamente uma boa música. Uma
melodia que traga um apelo realmente naturalista. E dei exemplos de Vivaldi com
as “Quatro Estações” e Villa Lobos com o Concerto no2 “Amazonas”. Em
ambos os casos, certamente seria impossível não imaginarmos uma “paisagem
sonora”...
ALEX SANTOS da Academia Paraibana de Cinema, professor e cineasta.
E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br
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