Com a arribada dos “luminares” da nossa
filmografia para outras plagas, convivi então com alguns de meus pares da Associação
dos Críticos Cinematográficos da Paraíba, início dos anos setenta, a saga
venturosa do pensar criativo e do fazer Cinema. Experiência que se prolongaria
por algum tempo, desde que o saudoso Barretinho esteve à frente da presidência
da ACCP. E aqui vai uma homenagem especial ao amigo. Época rumorosa e
prazerosa, porquanto, mais que uma simples realização imperava o “sonho”. Sonho
de um cinema quase sempre inacabado.
Ou, como diria Wills Leal, “cinema espiritual”, no seu monumental livro Cinema na/da Paraíba.
Estivera eu, então, atuando ainda no Sistema
Correio (não o de hoje), numa espécie de dublê, entre homem de cinema –
exibidor/realizador – e locutor de rádio, no qual comungava com o amigo, também
radialista Moacir Barbosa, vindo das bandas de Natal/RN, as experiências de
dois programas de cinema (Curta Metragem, diariamente, e Cine Projeção aos
domingos) na recém-inaugurada emissora do Ponto de cem Réis.
Na UFPB, da qual já fazia parte, envolvido
também estava com a extensão de um projeto iniciado com “Aruanda”, que seria o
de apoiar o então feito de Linduarte Noronha com a criação de um órgão interno,
que tivesse um compromisso, digamos, semiprofissional de apoio ao estudante da
instituição superior de ensino e à comunidade de um modo geral. Criamos o Nudoc; só agora retomando o que, anos depois,
deveria ter assumido.
Mas, a questão aqui focada é a seguinte:
Houve o tempo em que fazer cinema era puro e elementar “artesanato”. Tempo,
espaço e ritmo configuravam parâmetros funcionais e formais rígidos da
narrativa cinematográfica, a qual se media e montava através de simples fotograma. Errou no corte da tesoura,
dançou!... Hoje, não, lidamos com infalíveis frames. Errou, deleta-se
e inicia-se tudo de novo.
Bom demais!...
Os recursos digitais e seus diáfanos, que
facilitam a vida e o feito de qualquer videomaker,
que se proponha a fazer audiovisual, menos Cinema, tem feito de cada um “cineasta”.
Tanto melhor... Não atoa, a proliferação de vídeos nesse mundo de Deus, na
maioria dos casos sem nenhum conteúdo formal a ser mostrado, próprio à reflexão
da verdadeira Obra de Arte.
ALEX SANTOS é vice-presidente da Academia Paraibana de Cinema, professor e cineasta.
E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br
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