quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Uma função a ser também exultada

O ato de dirigir uma obra seja ela filmada ou gravada (favor ver a diferença) representa um dos pontos de maior responsabilidade, na estruturante Organização da Produção dessa mesma obra. Uma lógica racional, justa, que jamais deve ser olvidada até em razão do objetivo final – seja esse um produto ótimo, satisfatório ou não. Assunto sobre o qual tenho insistido junto aos nossos alunos de Comunicação Social, na UFPB.
Não obstante ser verdadeira essa lógica, na direção de um trabalho de equipe, sobretudo a capacidade e habilidade de quem manipula a Finalização, a prax da junção das ideias, dando-lhes sentido e notoriedade (seja do diretor imediato ou de quem quer que seja) é um exercício que também nunca deve ser esquecido. Quem fica por detrás das câmeras e da switch, caso específico de Televisão, merece e deve ser igualmente exultado, público.
Erro crasso tem sido praticado, amiúde, em se omitir os nomes daqueles profissionais que ficam nos bastidores da produção ou mesmo nas clausuras das ilhas de Edição. São esses, realmente, que dão “vida” às ideias de qualquer outro que busque, isoladamente, a redoma da virtuosidade exclusiva. Cada obra, seja ela cinematográfica ou videográfica, é produto do todo empenho e engenhosidade de uma equipe.
Hoje, os tempos são outros. Passamos do glamour “mise au sein” diretiva à habilidade dos grandes finalizadores. Por que são estes mesmos que já não fazem só o corte de cada fotograma, mas, manipulam frames. Uma realidade tecnológica e autoral tão importante quanto à de dirigir, simplesmente. Isto é fato incontestável...

ALEX SANTOS da Academia Paraibana de Cinema, professor e cineasta.
E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br

domingo, 16 de dezembro de 2012

O “Oscar” paraibano de 2012 vai para...

                                                                                           Wills Leal, Nelson Pereira dos Santos e Juarez Farias, da APL
 
O “Oscar” do cinema paraibano, como ficou conhecido o “Prêmio-APC” da Academia Paraibana de Cinema aos Melhores Filmes e Vídeos do Ano, tem importância simbólica por ter sido concebido, em 2010, por um Conselho Acadêmico da entidade mais representativa de cinema, no Estado. Naquele ano, sob inspiração da diretoria da APC foi criada uma comissão para a discussão e a formulação de medidas que viabilizassem o escopo e a forma do prêmio, mas que ele tivesse um peso à altura da própria instituição cinematográfica que representa.

Em encontro realizado na Academia Paraibana de Letras, no centro de João Pessoa, quando esteve presente inclusive o cineasta Nelson Pereira dos Santos (foto), que recebeu o título de Sócio Benemérito da Academia Paraibana de Cinema, o Conselho Diretor da entidade manifestou seu interesse em manter uma estreita relação cultural com a APL. Nessa ocasião foi anunciada pelo presidente da APC a formação de uma comissão especial, para a criação do regulamento ao prêmio mais importante do cinema paraibano.    E que esse reconhecimento seria concedido pela entidade aos profissionais da atividade cinematográfica, na Paraíba, cujo troféu já vinha sendo cogitado pela academia e seria confeccionado por um dos artistas plásticos, também paraibano.

No Dia Mundial do Cinema, sempre celebrado na data de 28 de dezembro, naquele mesmo ano o prêmio foi entregue pela primeira vez ao filme “Antomarchi”, média-metragem de ficção então produzido pelas empresas paraibanas AS Produções Cinema&Vídeo e MDias Construções e Incorporações. Dentre as muitas homenagens prestadas na ocasião à equipe do filme ele foi ainda considerado especial pela crítica e setores de produção especializados, por ter sido o primeiro filme a usar a técnica Blu-Ray em sua finalização, na Paraíba.  

Ano passado, em solenidade de premiação promovida pela APC na Funesc, foram agraciados com o mesmo Prêmio-APC os vídeos “O Diário de Mércia” (ficção), “A felicidades dos peixes” (documentário) e “Ritmos”, uma experiência de animação. A noite festiva encerrou com o vídeo especial da coleção do acadêmico Mirabeau Dias - “Coleção Memórias Paraibanas do Século XX”, trabalho finalizado por Alexandre Menezes.

Para este ano a Diretoria da APC está programando uma ampla comemoração no Dia Mundial do Cinema, próximo dia 28. Segundo o presidente da entidade, escritor Wills Leal, a celebração deverá constar da distribuição do novo número da revista da entidade CineNordeste, do Informe APC, além da exibição dos filmes vencedores no IV FestCine Digital do Semiárido, que receberão os Troféus “Walfredo Rodriguez” de Ficção e “Machado Bitencourt” de melhor documentário.  
 
A expectativa por parte dos realizadores já é muito grande, dado o número de obras inscritas e que participaram do programa de exibições gratuitas do certame, que percorreu quatro estados nordestinos – Paraíba, Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte.
 
              A APC convida todos à grande festa do cinema mundial, no próximo dia 28 e brindar juntamente com os premiados do ano!

ALEX SANTOS da Academia Paraibana de Cinema, professor da UFPB e cineasta.
E-mails: alexjpbs@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br

sábado, 8 de dezembro de 2012

70 anos de “Casablanca” e outros feitos singulares



















     A data: 26 de novembro de 1942.
     O feito: Lançamento de uma das mais emblemáticas e representativas obras que Hollywood já produziu – “Casablanca” de Michael Curtiz. Setenta anos, portanto, da estreia de um grande filme no Teatro Hollywood de Nova York, para coincidir com a invasão dos Aliados no norte da África e da captura de Casablanca. Esta, pelo menos, a versão da História Oficial do Cinema, não a do filme em si, claro.
     O fato: Naquela data, no outro flanco da Terra filas de judeus e outras raças consideradas “menores”, e não puras e arianas, eram usadas como cobaias nos experimentos mais hediondos que a história já pode registrar, nos campos de concentração de Dachau e Auschwitz, na Alemanha de Hitler. Do lado de cá, meses antes importante motivo houve de existir de forma temporal/espacial de mim mesmo e dos meus familiares – o ano de minha graça. Justamente naquele mesmo fevereiro de 1942 nada menos de duzentos prisioneiros eram submetidos à câmara de pressão, numa experiência que haveria de eliminar mais de oitenta criaturas de Deus.
     Não obstante a época, longe da cenografia real de uma guerra fraticida na Europa, na terra do cinema o grande acontecimento que levaria multidão ao majestoso teatro e à ocupação dos 1500 lugares, na exibição de um filme que arrecadaria mais de 255.000 dólares ao longo de apenas dez semanas. Mas, “Casablanca” teria igual lançamento em janeiro do ano seguinte, para aproveitar a Conferência de Csablanca, uma reunião de alto nível representada pelos governos Churchill e Roosevelt.
     Anos depois, aqui em nosso mundo Brasil, paraibano, santarritense eu testemunharia o relançamento dessa grande obra com os olhos maravilhados de criança já contaminada pela Arte Sétima, num dos cinemas do meu pai. Um espetáculo que cinéfilos viram à época deveras deslumbrados não apenas em razão do filme “Casablanca”, mas pelas multidões que buscavam o cinema e suas bilheterias, que nesse dia houve de se multiplicar.
     Seguidor que tenho sido da trajetória dessa grande obra não poderia deixar de hoje registrar a efeméride cinematográfica e hollywoodiana de “Casablanca”, nesses seus 70 anos. Filme que conseguiu ratificar para o mundo, o verdadeiro glamour de uma das mais poderosas indústrias do Cinema de todos os tempos.
     De “Casablanca” e desse tempo que passou, para nós ficam recordações e também “motivo de uma grande amizade”; tudo isso embalado por sua indelével canção: As Time Goes By...
     Mais “coisas de cinema” no blog:            
     www.alexsantospb.blogspot.com.br

ALEX SANTOS da Academia Paraibana de Cinema, professor e cineasta.
E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br

domingo, 2 de dezembro de 2012

O que é do acervo da Repsom Filmes?

 
Na Aquarius Filme: o gerente Gusmão, Ivan, Lauro e Alex Santos         
          Indagam-me sempre a respeito de referências sobre o jornalista Ivan de Oliveira, com quem trabalhei alguns anos atrás em João Pessoa e realizamos uma série de cinejornais para a Repsom Produções Cinematográficas Ltda. Algumas vezes indiquei o endereço do Ivan, que conhecia à época, numa rua que começa bem em frente ao portão principal da Bica, na Torre. Mas, dos anos setenta pra cá já faz algum tempo... Dessa experiência tenho apenas alguns esboços de locações e roteiros por mim elaborados para as filmagens. Lembro também da participação do jornalista Anco Márcio, de quem fora a maioria dos textos narrados nos filmes e a quem recorri sobre o assunto, mas ele disse também não saber de mais nada. Recentemente, Wills Leal também me indagou a respeito do paradeiro das “coisas” daquele cinejornal e da Repsom. Mais uma vez não soube informar.
Não era fácil se produzir quase sem dinheiro alguns curtas-metragens, registrando especialmente eventos e obras do governo de então, na Paraíba. Filmes que depois eram exibidos sobretudo no Cine Plaza, antes de suas sessões normais de fim de semana. Basicamente, os recursos financeiros de produção eram oficiais, contudo havia algumas logísticas da iniciativa privada, mas eram poucas. Como o traslado de nossa equipe para o interior ou para fora do estado, estadias, alimentação, entre outras coisas. Osso duro mesmo era com o aluguel dos equipamentos de filmagens em 35mm, que não eram da Repsom, a revelação do material filmado e sua finalização nos Laboratórios da Líder de São Paulo, às vezes no Rio de Janeiro.
Observando o restrito plano de exibição e sob minha influência buscamos estender a difusão dos nossos cinejornais para outros estados. Aceita a sugestão, contatei uma empresa distribuidora de filmes em Recife, a Companhia Aquarius Ltda. Com a qual já vinha tendo laços comerciais há anos, em razão dos cinemas do meu pai, em Santa Rita e no distrito de Várzea Nova. Ato contínuo agendei uma visita àquela distribuidora de filmes, oportunidade em que apresentei Ivan de Oliveira e Lauro, ambos publicitários paraibanos ao amigo Gusmão, gerente da Aquarius e companheiro de colóquios etílicos no conhecido restaurante do “portuga”, no ambiente recifense da cinematografia. Foi feito o acordo, ficando certa a distribuição do nosso cinejornal a toda rede de cinemas do Nordeste, que vinha trabalhando com a Aquarius.
A parceria durou pouco e a distribuição do Cine Nordeste foi suspensa, justamente por falta de continuidade da própria Repsom. Coisas que sempre aconteciam com o nosso cinema dos anos sessenta e setenta. Houve sempre de pararmos no caminho por falta de grana e de laboratórios fora do eixo Rio-São Paulo...
ALEX SANTOS da Academia Paraibana de Cinema, professor da UFPB e cineasta.                     E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br