A Natureza, com todos os seus elementos “cênicos”, sempre me foi simpática a um olhar cinematográfico. Talvez, por isso, sempre tenha tido inclinação por filmar (ou gravar) no campo. Trata-se de um impulso pessoal e muito natural, se examinado todo o meu trabalho, desde “Os Pescadores do Sanhauá”, “O Ciclo da Mandioca” e, sobretudo, “Arribação”..., no final dos anos sessenta.
Reforce-se a essa minha preferência os primeiros encantamentos que tive quando criança, que dava preferência aos “cow-boys” exibidos nos cinemas do meu pai. Mas, tais observações preferenciais vieram também de leituras de temas regionais, que me fizeram a cabeça logo cedo. A exemplo de Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Câmara Cascudo, os nossos Zés Lins e Américo, o poeta Américo Falcão (das praias de Lucena) e tantos outros.
Razão essa que me fez fugir um pouco dos temas urbanos, deitando um “olhar cinematográfico” (até romântico, confesso) sobre o telurismo, o vegetalismo, cujo visual nos remete mais à Natureza; aos temas de raízes campesinas, como o Cangaço, por exemplo. E sempre defendi que o nosso Cinema se identifica mais com esse temário que com situações de polícia correndo atrás de bandido nos centros urbanos. Desculpem-me, mas é só uma questão de franqueza e opção...
Sobre isso, tenho buscado referências no campo comercial cinematográfico brasileiro, desde os desencantos da Vera Cruz, dos “carnavalescos” da Atlântida, do romantismo da Cinédia... sendo quase impossível encontrar uma boa sustentação para o nosso cinema fora o rural. Que me consta, e se não me engano, com raras exceções, os temas urbanos têm caído na mesmice, sobretudo os de “ação”, cuja pirotecnia visual remonta os artifícios da famigerada Hollywood.
A reflexão então colocada reforça-se com uma viagem que fizemos ao interior da Paraíba, neste final de semana, para as primeiras locações do curta-ficção que pretendemos rodar em fevereiro do próximo ano. Um dia todo em plena caatinga brava, dentro da vegetação ressequida pelo sol, fazendo as primeiras prospecções ambientais e cenográficas me remeteram aos áureos anos 60. Mas, aí é outra estória!...
ALEX SANTOS - da Academia Paraibana de Cinema, professor e cineasta. E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br
domingo, 22 de novembro de 2009
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