sábado, 16 de maio de 2009

Metade Brasil, metade França: Estamos “à deriva”, em Cannes

Ao apagar das luzes o filme de Heitor Dhalia, “À Deriva”, foi selecionado para o Festival de Cannes, que ora acontece na Riviera francesa. O Brasil entra pela metade, já que a produção é franco-brasileira, com atores também franceses nos papéis principais. Este ano, segundo se comenta, não vai ter pra ninguém. A não ser para os veteranos, entre tantos; os nossos passam bem ao largo...
A 62ª edição da mostra de cinema de Cannes, já iniciada e que vai até final da próxima semana, selecionou nomes de peso como o francês Alain Resnais (86 anos), o dinamarquês Lars von Trier, o espanhol Pedro Almodóvar, além de Quentin Tarantino e Ang Lee. Uma turma da pesada, mesmo! Não sem razão que o nosso barco ficou mesmo à deriva...
Mesmo assim, esta semana, pude ler uma entrevista do diretor Heitor Dhalia, que nos representa lá em Cannes, dizendo o seguinte: “Ter um filme selecionado em Cannes é ver um sonho se realizando. Há dois anos, estive lá justamente para anunciar o projeto de 'À Deriva". Quem é cinéfilo sabe o que essa notícia significa".
Não tão remotamente, a simples seleção de um filme brasileiro em Cannes, se não me engano, representava algo normal. Hoje, como vimos, representa e tanto! Mesmo porque a disputa pela Palma de Ouro este ano é encabeçada por cineastas celebrados e veteranos da sétima arte havia muito.
Penso até, diante de tanta conformação nossa a uma simples seleção, que isso vem acontecendo (e não é só hoje) porque estamos lá sempre pela metade. Isto é: metade Brasil, metade França, para falarmos mais objetivamente a linguagem do mundo da Produção cinematográfica. No total, 53 filmes de 23 países estão na seleção. 20 deles em competição pela Palma de Ouro, outros 20 na seção de simples "Um Certo Olhar", que é onde nos encontramos. Coisa dos novos tempos!

ALEX SANTOS – jornalista e cineasta, da Academia Paraibana de Cinema.E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br

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