Na noite da quinta-feira (28) passada, fui alvo de uma espécie de sabatina no Departamento de Comunicação da UFPB. Alunos de Relações Públicas e de Comunicação me crivaram de perguntas, no Auditório “Aruanda”, por ocasião da Semana de Extensão do DecomTur, indagando qual a minha opinião sobre a qualidade da atual produção brasileira de cinema frente à televisão. Respondi nos termos que sempre defendi e que fazem parte do meu livro “Cinema e Televisão – Uma relação Antropofágica”.
Destacando as especificidades do cinema e da TV, no tocante às condições técnicas e de linguagens de ambos os “media”, pude constatar algumas dúvidas que ainda persistem nos nossos estudantes, notadamente, na questão do documentário frente à narrativa ficcional, enquanto produtos de informação e de pretensa comunicação. Para uma boa parte dos alunos, o documentário continua sendo Cinema; não um produto de característica eminentemente televisiva.
Enquanto recurso narrativo de registro audiovisual, após a chegada da tecnologia do videotape, nos anos 60, a Entrevista, por exemplo, perdeu todo o seu significado formal dentro do cinema. Passou a ser um recurso estigmatizado e de interesse imediato, somente bem traduzido por um veículo da importância da televisão; não do cinema. O primeiro pelo caráter reconhecidamente fragmentado do seu discurso; o segundo pela inteireza que trata esse mesmo discurso, embora preso por uma série de normas muito próprias da dramaturgia.
Há quem diga que o documentário é “entretenimento”. Discordo. A diversão (característica própria da Arte-do-Filme) é motivada, sobretudo, por uma “fantasia”. O documentário na sua forma tradicional, como vem sendo ainda produzido, ele não nos motiva a essa fantasia. Ele nos move, simplesmente, a uma curiosidade sobre os “fatos” então abordados, porquanto estruturados em situações supostamente reais. Mesmo nos filmes curtos ou longos, nessas categorias de produção, os documentários nos chegam sob uma extrema e pessoal curiosidade de conhecimento sobre algo que ainda não sabemos, ou que sabemos e queremos maiores detalhes.
A Dramaturgia do cinema (herança do teatro) nos dá outra dimensão apreciativa dessa “realidade” registrada pelo documentário. Porque ela é expressa por meio de uma Representação dessa mesma realidade, levando em consideração uma gramática narrativa rígida de tempo e de espaço pré-estabelecidos. As insistentes indagações dos alunos presentes, entre os quais Cláudia, Carlos e Rian, sobre o tema que abordei (“A linguagem do Cinema e da Televisão”), somente serviram para enriquecer o debate. Bem como, a exibição do nosso vídeo: “Elipse – A Idade do Cinema”, bastante aplaudido no final de sua apresentação.
ALEX SANTOS – da Academia Paraibana de Cinema, professor e cineasta.
E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@academiaparaibanadecinema.com.br
sábado, 30 de maio de 2009
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