Grupo Aquarius/Repsom: (a partir da esquerda) Gusmão gerente em Recife, Ivan de Oliveira, Lauro e o cineasta Alex Santos.
Rediscutindo a questão do que devemos entender por Memorial Cultural do nosso Cinema (de “Província”, como diria Wills em um de seus livros), lembraria que essa memória deva contemplar todas as formas de atividades até hoje exercidas, sobretudo pelos paraibanos. Desde a formação de um simples texto, quer seja “espiritualmente” criado para cinema, a composição de argumentos e roteiros ou mesmo quaisquer ações focadas simplesmente na construção da Arte-do-Filme.
Conveniência que temos de relembrar atuações que se fizeram também deveras marcantes, principalmente no plano da realização de filmes em 35mm, em nosso Estado, e que por razões ignoradas ou até por simples lapso de memória cultural permanecem no quase ostracismo. Refiro-me à Repsom Produções Cinematográficas Ltda. Empresa sediada em João Pessoa e que produziu uma linha de cinejornais exibidos durante um bom tempo na Paraíba, comandada pelo jornalista Ivan de Oliveira, cujas referências podem ser encontradas no meu livro “Cinema & Revisionismo” (1982).
Juntamente com Anco Márcio, à época ator e redator de jornal, estive durante algum tempo produzindo os textos a serem narrados nos curtas documentais (cinco minutos, aproximadamente), sobre inaugurações de obras públicas realizadas pelos governos do Estado e de prefeituras da Paraíba. Paralelamente às minhas funções de Redator do Cinejornal, formalizei a representação da Repsom junto a algumas Companhias Distribuidoras de Filmes sediadas em Pernambuco. Empresas com as quais já tinha contatos havia muito, em razão dos cinemas do meu pai Alexandre.
Aquarius Filmes (foto), em Recife, foi uma dessas distribuidoras que mantivemos parceria para que os jornais de tela da Repsom chegassem aos cinemas de todo o Nordeste. Justamente numa época em que a notícia sobre acontecimentos sociais, políticos e econômicos tinha nos jornais cinematográficos uma forte via de divulgação. Vivia-se a época dos cinejornais Atlântida, Canal 100 e “Les Actualité Française”, este da Paris Filmes. Informes que seriam mais tarde, especialmente a partir da segunda metade dos anos 70, veiculados pela mídia eletrônica e nos telejornais.
Quiçá, a preocupação maior se confirme na prática por parte dos atuais dirigentes da Cultura na Paraíba, neste momento, respaldando a Academia Paraibana de Cinema no seu interesse em resgatar acervos como o da Repsom filmes, que durante muito tempo esteve fora das discussões. Estratégias de ação por parte da entidade maior de cinema em nosso Estado, indagações e pesquisas nesse sentido já estão sendo elaboradas para que, de fato, se consiga chegar ao que restou da Repsom Filmes.
ALEX SANTOS da Academia Paraibana de Cinema, professor, jornalista e cineasta.
E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br / www.alexsantos.com.br
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