quarta-feira, 21 de julho de 2010

Um cinema feito de simbolismos








No final de semana que passou, depois de vários contatos e acertos, uma equipe composta de professores, alunos e técnicos da UFPB deslocou-se à região do Cariri, onde foram gravadas as primeiras cenas de mais um curta-metragem paraibano. Durante quatro dias, peregrinando por entre veredas espinhentas, reptis e muita pedra, o grupo se desdobrou para conseguir as melhores imagens, na busca do que será mais um trabalho de conotação não só acadêmica.

O olhar assustado, porém, interrogante de uma criança de ares brejeiros terá sido o ponto de largada para uma nova estória a ser contada brevemente através do nosso cinema. Sobre tal feito, diria o próprio autor, professor Nivalson Miranda, tratar-se de uma saga que simboliza não só um simples olhar infantil, mas, principalmente, o que esse olhar pode significar de reprovação e de denúncia ao medo e à submissão em que vive com os pais, sob o jugo ainda do coronelato.

A Cenografia do lugar, um sem fim povoado de algarobas, facheiros e rochas, ainda não refletia tanto, naquele momento de intenso labor, as preocupações do autor sobre o tema que pretende abordar, mas, já nos dava uma idéia ao que se propõe. Seus personagens, secos como o próprio lugar, jamais se apercebem da sua singular importância, porquanto a rotina lhes tira a verdadeira noção do perigo, sobretudo do tempo de suas existências.

Distante sete quilômetros do centro de Serra Branca, subindo e descendo rochas, a equipe conseguiu registrar personagens que se movem sorrateiras como os próprios reptis ali existentes, entreolhando-se numa comunicação muda inusitada. Em frente à velha casa de tijolo sem reboco, numa tarde como tantas outras, eles assuntam o tempo – Seu Biu, Donana e o filho Zeca. Este, que dá início à estória a ser brevemente contada pelo nosso cinema. Só resta agora esperar...

ALEX SANTOS da Academia Paraibana de Cinema, professor e cineasta. E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br

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