Quando, em fevereiro do ano passado, reunidos nos escritórios da MDIAS discutíamos a possibilidade da realização de um filme, a partir dos contos de Mirabeau, uma indagação me ocorreu de imediato: seria em vídeo ou em cinema? Isso, em razão da complexidade da proposta apresentada na ocasião. Lembrei das colocações de Wills Leal, como sempre radicais, de que a película cinematográfica “é coisa do passado...” Não entendo a situação dessa maneira, justamente, em razão de reforços abalizados de outrem, a seguir.
Sempre calmo e ponderado, o amigo Manoel Jaime fez igualmente suas colocações sobre o assunto, mais no sentido do tema a ser abordado do que, propriamente, da tecnologia a ser usada, se gravação ou filmagem. Além de mim, também o produtor Alexandre Menezes estava presente à reunião, justamente para ver com os olhos da Produtora que dirige todas as possibilidades de realização de uma média-metragem de ficção, e não apenas de um simples registro documental de imagens.
Após aquele primeiro encontro, agora já na Produtora, eu e Alexandre avaliamos a situação proposta por Mirabeau, e ponderamos sobre o seguinte: em razão dos custos inicialmente apresentados, seria mesmo em vídeo, já que dispomos de equipamentos em HDV e que poderia levar o “média” a uma finalização em blu-ray, o que de fato aconteceu. Não obstante a complexidade que esse sistema de finalização implica, optamos por HD, mesmo sabendo das implicações de recurso de memória que requer a edição não-linear.
Como diria Filipe Salles em “Processo de Finalização”, em cinema e vídeo, em termos simples, a quantidade de memória necessária para armazenar uma imagem eletrônica com qualidade similar a um fotograma 35mm de cinema é aproximadamente 10 megabytes. Bem verdade, se considerarmos que o cinema funciona com 24 f.p.s., um longa-metragem de 120 minutos teria nada menos que 172.800 fotogramas, o que seria equivalente a 1.728.000 megabytes de memória necessários, sendo que numa produção em cinema sempre se filma pelo menos 3 vezes o tempo estimado do filme, normalmente.
Filipe Salles é de opinião que, “Uma fita magnética não tem condições de armazenar tal quantidade de informação, e isso significa uma imensa quantidade de Hard-disks para armazenar a imagem captada, que teria de ser levada ao set de filmagem, como realmente foi em alguns casos, em Star Wars Episode II e Superman Returns.” Mas é claro que, por enquanto, isto só é possível em produções de alto orçamento gerado pela forte indústria americana. Em todos os outros casos, é mais prático, eficiente e barato filmar diretamente em película 35mm. Razões que nos levaram a optar por um “Antomarchi” em vídeo mesmo...
ALEX SANTOS da Academia Paraibana de Cinema, professor e cineasta. E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br
Um comentário:
Estou muito ansiosa para ver o resultado final de "Antomarchi", professor! Em vídeo ou em cinema ficará belíssimo!
Saudades das conversas sobre coisas de cinema! Um abraço!
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