A Sétima Arte elitizou-se. Com o fechamento da quase totalidade dos cinemas de bairros, por esses brasis afora, e a notória criação de seletivas salas nos shopping centers, o culto à “arte-do-filme” inovou-se. O Cinema ganhou novos contornos tecnológicos de projeção, inclusive, assimilando clientela nova e seus estranhos cacoetes na busca de entretenimento. Sem contar com a famigerada pipoca e o “clima de pic-nic”, hoje tão comuns dentro das salas de projeção. Chocante!...
Esta semana, pela televisão, vi a entrevista de um dos secretários do Ministério da Cultura, que afirmava ser o Vale Cultura uma das saídas para o Cinema Nacional. Segundo disse, pessoas que percebem até dois salários mínimos agora poderão se beneficiar do referido “vale”, para irem ao cinema ou assistirem a outras formas de artes. Há, realmente, um contra-senso na proposta, porquanto a classe social mais carente, via de regra, mora afastada dos grandes centros urbanos.
Sinceramente, quanto a uma maior aceitação do cinema brasileiro, tenho minhas dúvidas. Não que o filme brasileiro seja menos interessante que o de outros países. Esse não é o caso. A verdade é que faltam salas de projeção nos bairros das capitais e nas cidades do interior de cada estado. Salas que possam suprir verdadeiramente a demanda da opinião pública pelo nosso cinema. A questão é: quem vive com apenas dois salários mínimos, jamais terá condição de se deslocar ao centro das capitais e freqüentar uma sala de cinema em um shopping center.
Existe, contudo, pretensões por parte do governo brasileiro de apoiar um projeto de expansão do parque exibidor. Atualmente há um estudo, que seria o de incentivar a criação de salas de cinema na periferia das grandes cidades e fazer os bons filmes chegarem lá. O dado interessante disso tudo é que a comunidade cinematográfica e o Conselho Superior de Cinema estão trabalhando no projeto de expansão de um circuito de salas nas periferias, com apoio da Ancine e do BNDES, há algum tempo. Se essa pretensão de concretizar... o Vale Cultura/Cinema terá sentido. Senão...
ALEX SANTOS da Academia Paraibana de Cinema, jornalista e cineasta.
E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
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