Espanto? Mas, por que tanto espanto? Não terá sido surpresa alguma o fato de o Brasil ter vencido o Oscar deste ano. Tantos que acharam impossível isso acontecer, havia muito, ficaram decepcionados; Eu não. À frente do famoso Oscar, a cena brasileira com todos os seus argumentos e roteiros, atores e figurinos, cenografias, jogos de câmera e direção nunca foi tão contundente como desta vez. Deu um banho em Hollywood!
Tenho comentado todos os anos sobre as limitações do cinema brasileiro frente ao grande símbolo de glamour americano, que é a estatueta doirada do Oscar. Dessa feita previ que podíamos suplantar essa rotineira limitação, que, convenhamos, tem a idade do próprio Oscar. E não deu outra: vencemos disparados em qualidade, musicalidade, efeitos especiais, cenografias, atuações e, melhor, muita brasilidade! Que se cuide o cinema do Tio Sam!...
Ao contrário do que se pensa, desta vez os ares americanos sopraram simbolicamente ao nosso favor, impermeabilizados que estamos (quase) aos ventos negativos de uma crise deflagrada naquele País. Quiçá, por isso, pela primeira vez a Emoção nacional tenha postergado a Razão, criando mecanismos de superação jamais experimentados em épocas de tapetes vermelhos e da grande Cena Brasileira.
A grande festa do Cinema, em todos os tempos e para todo o mundo, essa sim, entendo, ainda esteja a nos dever os méritos de qualidade artística e oportunidades, que tanto o nosso cinema merece. Não têm sido poucas as tentativas de reconhecimento neste sentido, mas continuamos “nadando, nadando e morrendo na praia”. Quem sabe não será n”O ano em que meus pais saírem de férias” a oportunidade de colocarmos a mão no símbolo doirado do cinema?...
ALEX SANTOS – da Academia Paraibana de Cinema.
E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br
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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
domingo, 22 de fevereiro de 2009
Repercussão sem maiores semânticas
Anos atrás, um apresentador de televisão imprimiu a máxima “isso... é uma vergonha!”. Jargão que repercutiu no país todo. Do ponto visual da câmera de interesse do seu telespectador e olhando fixo para outra chamada de “câmera da verdade”, o sempre polêmico apresentador externava toda a sua insatisfação sobre coisas que, em sendo “âncora” do telejornalismo, não concordava. Fez prevalecer também discutido senso de brasilidade, segundo muitos, quando assumia a expressão RECORDE; e não “récorde”, como normalmente se usa.
Mas, qual a relação de tudo isso com o cinema? Costumo afirmar que no exercício da Arte e da Cultura, nada é uno ou se esgota em si mesmo. Lembrando Drummond, diria que a “coisa” são sempre duas: ela mesma e o significado dela. Lendo artigo num dos jornais esta semana, de um dos nossos historiadores mais “honorianos” deparei-me com uma sentença curiosa. Por que não dizer, verdadeira: “o importante em um autor não provém da tese que perfila, mas da repercussão que obtém”. Muito correto!
A letra fria impressa no papel revela apenas uma idéia. Um posicionamento, quiçá, um bom motivo à reflexão. O que conta realmente é o entendimento dessa mesma idéia e sua utilidade na vida prática. O exemplo dado acima, do “âncora” e apresentador de TV se nos parece válido enquanto respeitoso ao próprio sentido etimológico da palavra. Jamais importaria a muitos, se RECORDE ou “récorde” represente a mesma coisa ou algo diferentemente extraordinário, e até em detrimento à própria gramática nacional.
ALEX SANTOS – da Academia Paraibana de Cinema
E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br contato@academiaparaibanadecinema.com.br
Mas, qual a relação de tudo isso com o cinema? Costumo afirmar que no exercício da Arte e da Cultura, nada é uno ou se esgota em si mesmo. Lembrando Drummond, diria que a “coisa” são sempre duas: ela mesma e o significado dela. Lendo artigo num dos jornais esta semana, de um dos nossos historiadores mais “honorianos” deparei-me com uma sentença curiosa. Por que não dizer, verdadeira: “o importante em um autor não provém da tese que perfila, mas da repercussão que obtém”. Muito correto!
A letra fria impressa no papel revela apenas uma idéia. Um posicionamento, quiçá, um bom motivo à reflexão. O que conta realmente é o entendimento dessa mesma idéia e sua utilidade na vida prática. O exemplo dado acima, do “âncora” e apresentador de TV se nos parece válido enquanto respeitoso ao próprio sentido etimológico da palavra. Jamais importaria a muitos, se RECORDE ou “récorde” represente a mesma coisa ou algo diferentemente extraordinário, e até em detrimento à própria gramática nacional.
Ainda assim, levando-se em conta se determinada expressão seria, igualmente, apenas mais um óbice em tese, de uma tese que pretende corrigir algo (supostamente) errado, e cooptado aos moldes do nosso ilustre historiador, o bom senso nos diz que o mais importante é a repercussão que essa mesma tese poderá obter. Digo isto fundado na questão de que também no cinema e nos audiovisuais há o uso de expressões técnicas mal alocadas à sua própria natureza terminológica, e sobre o que já tive oportunidade de discorrer em outras ocasiões.
Em sendo assim, o “deveser” consiste no uso correto de determinados dogmas ou terminologias, que são próprias de cada área do conhecimento humano e da sua conseqüente difusão. Em “Cinema e Televisão: Uma relação antropofágica” levanto a questão do uso incorreto de expressões técnicas entre os “media”, alimentando a expectativa de que uma simples tese de Mestrado, devidamente fundamentada, possa repercutir e ser entendida sem maiores semânticas nos meios em que for discutida.
ALEX SANTOS – da Academia Paraibana de Cinema
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sábado, 7 de fevereiro de 2009
Benjamin Button: remoçando para um Oscar envelhecido
Uma estória contada de trás pra frente. Não é usual uma narrativa dessa natureza, justamente quando o protagonista é quem dita, física e cronologicamente, as regras de um jogo assim, digamos, um tanto bizarro. Mas, Hollywood quando quer faz e o mundo aceita, e passa a acreditar no que ela constrói. Porque a indústria de cinema “Tio Sam” aprendeu a lidar com o inconcebível, apelando para o concebível. E até consegue...
Neste final de semana assisti a “The Curious Case of Benjamin Button”, ou melhor, “O Curioso Caso de Benjamin Button”, baseado no conto de Francis Scott Fitzgerald publicado no início da década de vinte do século passado. Logosófico e intrigante o filme, do ponto de vista de estrutura, porque é o personagem principal Benjamin Button (Brad Pitt) quem conduz todo o ritmo narrativo, como se fosse um timoneiro, que na estória vivencia igualmente a aventura de um barqueiro.
A ação se passa em 2008, mas a estória remonta aos anos dezoito do século vinte. Com um roteiro até certo ponto inteligente, o protagonista vai costurando as ações e situações entre os demais personagens, como se procurasse justificar a proposta do filme. Coisas que a direção de David Fincher consegue desenvolver, ajudado pela pose e lentidão de Brad Pitt, “introspectivo”, num ritmo de quando em vez enfadonho. Sinais das duas grandes guerras (1918 e 1942) pontuam alguns instantes do filme, mas sem nenhuma pretensão histórica.
O fato é que todos nós aguardamos uma explicação convincente para o dramático caso Benjamin, o que deve acontecer mesmo no final. Até porque aquela regressão de vida deve dar em alguma coisa, senão "oscariana", pelo menos numa outra tragédia igual ou semelhante ao nascimento daquele bebê envelhecido e “monstrengo”, de cuja presença foge o pai desesperado. E é o que acontece...
*LEMBRETE: “A Logosofia é a ciência do presente e do futuro, porque encerra uma nova e insuperável forma de conceber a vida, de pensar e sentir, tão necessária na época atual para elevar os espíritos acima da torpe materialidade reinante”.
ALEX SANTOS – da Academia Paraibana de Cinema.
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Neste final de semana assisti a “The Curious Case of Benjamin Button”, ou melhor, “O Curioso Caso de Benjamin Button”, baseado no conto de Francis Scott Fitzgerald publicado no início da década de vinte do século passado. Logosófico e intrigante o filme, do ponto de vista de estrutura, porque é o personagem principal Benjamin Button (Brad Pitt) quem conduz todo o ritmo narrativo, como se fosse um timoneiro, que na estória vivencia igualmente a aventura de um barqueiro.
A ação se passa em 2008, mas a estória remonta aos anos dezoito do século vinte. Com um roteiro até certo ponto inteligente, o protagonista vai costurando as ações e situações entre os demais personagens, como se procurasse justificar a proposta do filme. Coisas que a direção de David Fincher consegue desenvolver, ajudado pela pose e lentidão de Brad Pitt, “introspectivo”, num ritmo de quando em vez enfadonho. Sinais das duas grandes guerras (1918 e 1942) pontuam alguns instantes do filme, mas sem nenhuma pretensão histórica.
O fato é que todos nós aguardamos uma explicação convincente para o dramático caso Benjamin, o que deve acontecer mesmo no final. Até porque aquela regressão de vida deve dar em alguma coisa, senão "oscariana", pelo menos numa outra tragédia igual ou semelhante ao nascimento daquele bebê envelhecido e “monstrengo”, de cuja presença foge o pai desesperado. E é o que acontece...
*LEMBRETE: “A Logosofia é a ciência do presente e do futuro, porque encerra uma nova e insuperável forma de conceber a vida, de pensar e sentir, tão necessária na época atual para elevar os espíritos acima da torpe materialidade reinante”.
ALEX SANTOS – da Academia Paraibana de Cinema.
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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
O Cavaleiro da Esperança – o filme
De quando em vez somos pegos pela curiosidade de outrem, que nos cobram, de algum modo, conhecermos ou estarmos sempre lembrados de algum filme já esquecido dentro do baú das nossas memórias. Entendo isso como sendo “cobranças amigas”. Não fosse assim, jamais me poria à disposição dos quantos amigos tenho gozado da mais acalantada afinidade.
Na noite deste domingo (01), como sempre rebuscando coisas do “arco da velha”, o meu amigo e historiador José Octávio de Arruda Mello me liga, eufórico, para indagar a respeito de um documentário sobre a vida de Luiz Carlos Prestes – O Cavaleiro da Esperança. Deu-me, apenas, duas pistas: “O Velho”, seria o título do documentário, e Nelson Pereira dos Santos o diretor. Lamento amigo Zé, mas você falhou na segunda pista.
Revendo meus alfarrábios, constato a existência do premiado documentário “O Velho - A História de Luiz Carlos Prestes”, exibido algumas vezes pela televisão, com uma hora de depoimentos inéditos. O filme é dirigido por Toni Venturi; não por Nelson Pereira. Trata-se da história de um mito e um dos personagens mais perseguidos pela ditadura, no século passado. Polêmico líder do Partido Comunista Brasileiro/PCB (não o PC do B – “cuidado com o do 'B', companheiro!...”), Luiz Carlos Prestes, que faleceu em 1990.
Segundo sua sinopse, o documentário reúne 70 anos de imagens da História do Brasil: a épica marcha de 25 mil quilômetros da Coluna Prestes, nos anos 20, passando pelo dramático romance com Olga Benário até a repressão política da ditadura militar. Depoimentos de jornalistas, figuras influentes, familiares e ex-membros do PCB, além de um raro material de arquivo, formam a mais completa cinebiografia de Prestes, Quixote obstinado que carregou durante toda a sua vida o projeto de um mundo melhor.
O fim da ditadura militar no Brasil tornou possível a realização do filme. História de um mito, de um homem que virou lenda, polêmico líder dos movimentos sociais, por mais de 35 anos. Prestes sustentou ideais hoje aparentemente soterrados pelos escombros do Muro de Berlim. O documentário atravessa setenta anos da conturbada história contemporânea brasileira, trazendo a figura de Prestes emblematizada, também, no trágico desfecho de seu casamento com a judia alemã Olga Benário.
Outros temas são discutidos no filme: a tentativa de revolução comunista de 1935; o golpe militar de 1964; a luta armada e a feroz repressão da ditadura. Trata-se de uma rica teia formada por uma série de depoimentos e por raro material fílmico de arquivo. É a primeira cinebiograia de Prestes, um Quixote obstinado que fez história no Brasil. O documentário foi realizado em 1997, com direção de Toni Venturi e narração do ator Paulo José.
Na noite deste domingo (01), como sempre rebuscando coisas do “arco da velha”, o meu amigo e historiador José Octávio de Arruda Mello me liga, eufórico, para indagar a respeito de um documentário sobre a vida de Luiz Carlos Prestes – O Cavaleiro da Esperança. Deu-me, apenas, duas pistas: “O Velho”, seria o título do documentário, e Nelson Pereira dos Santos o diretor. Lamento amigo Zé, mas você falhou na segunda pista.
Revendo meus alfarrábios, constato a existência do premiado documentário “O Velho - A História de Luiz Carlos Prestes”, exibido algumas vezes pela televisão, com uma hora de depoimentos inéditos. O filme é dirigido por Toni Venturi; não por Nelson Pereira. Trata-se da história de um mito e um dos personagens mais perseguidos pela ditadura, no século passado. Polêmico líder do Partido Comunista Brasileiro/PCB (não o PC do B – “cuidado com o do 'B', companheiro!...”), Luiz Carlos Prestes, que faleceu em 1990.
Segundo sua sinopse, o documentário reúne 70 anos de imagens da História do Brasil: a épica marcha de 25 mil quilômetros da Coluna Prestes, nos anos 20, passando pelo dramático romance com Olga Benário até a repressão política da ditadura militar. Depoimentos de jornalistas, figuras influentes, familiares e ex-membros do PCB, além de um raro material de arquivo, formam a mais completa cinebiografia de Prestes, Quixote obstinado que carregou durante toda a sua vida o projeto de um mundo melhor.
O fim da ditadura militar no Brasil tornou possível a realização do filme. História de um mito, de um homem que virou lenda, polêmico líder dos movimentos sociais, por mais de 35 anos. Prestes sustentou ideais hoje aparentemente soterrados pelos escombros do Muro de Berlim. O documentário atravessa setenta anos da conturbada história contemporânea brasileira, trazendo a figura de Prestes emblematizada, também, no trágico desfecho de seu casamento com a judia alemã Olga Benário.
Outros temas são discutidos no filme: a tentativa de revolução comunista de 1935; o golpe militar de 1964; a luta armada e a feroz repressão da ditadura. Trata-se de uma rica teia formada por uma série de depoimentos e por raro material fílmico de arquivo. É a primeira cinebiograia de Prestes, um Quixote obstinado que fez história no Brasil. O documentário foi realizado em 1997, com direção de Toni Venturi e narração do ator Paulo José.
Lembrete ao amigo Zé Octávio: só não encontrei a relação do filme com o Nelson Pereira...
ALEX SANTOS – da Academia Paraibana de Cinema.
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