Fazendo-se um comparativo entre o que é virtual (pode acontecer) no cinema, televisão e Internet,
e aquilo que nos é mostrado diariamente como “real”, sobretudo nos informes de
telejornal, haveremos de introjetar, desavisadamente, algumas imagens e
admiti-las como verdades absolutas. E de que existe hoje na Sociedade, até
inconscientemente, um delírio sublimado, imageticamente diáfano, em razão do
processo televisivo de induzimento ao conhecimento instantâneo dos fatos
costumeiros da violência urbana.
Assim, quando nos referimos à “cooptação
de massa”, por parte da mídia, é porque esse fenômeno culturalmente indutivo
existe de fato, em forma de “moeda corrente”. Certamente, de forma ética
questionável, nos termos em que essa violência se apresente, principalmente
duvidosa e sob forma velada, sub-reptícia, “fabricada”, pelos nossos meios de
comunicação. O que vem de ratificar assim a clara demonstração de que a
violência de hoje é, em verdade, o ópio das massas.
No clic instantâneo
das comunicações, “roboticamente”, como num passe de mágica, já se salvam vidas
havia quilômetros de distância. Contraditoriamente, num piscar de olhos,
apertando-se um simples botão vidas anteriormente salvas pelo “milagre”
científico serão ceifadas. Então produto da intolerância e desatino dos que,
consciente/insensivelmente, dominam e manipulam as massas incautas e
desesperançosas, em um mundo hoje verdadeiramente fragmentado. Quanta
contradição tem gerado o então preconizado “progresso da humanidade”!...
Na ampla aldeia global em que vivemos,
durante anos, fomos capazes das mais pirotécnicas experiências, numa odisseia
não apenas prevista a partir do ano 2001, preconizada sabiamente já no final da
década de sessenta, no filme de Stanley Kubrick. Intencionalmente (ou não)
existimos sublimando a “guerra”. Nessa evolução, fomos cooptados à prática da
hipocrisia e do desinteresse pela paz, simplesmente porque o confronto armado
nos dá pecúnia, status e poder.
Não obstante vontades, e não há de ser tão
simples assim, mesmo sob essa real perplexidade em que se vive a aquiescência
humana a um simples aperto de mãos entre potências, ainda é difícil e como
desejariam os mais otimistas. Mas, bem que este pudesse ser o gesto a uma
catarse e ao reconhecimento de equações de toda uma Sociedade organizada. – Uma
solução ao fato violento mais banal do nosso quotidiano ao mais grave.
Nas relações políticas e sociais – não menos nas
artes – o grande desafio é se conseguir um animus
desarmado entre os povos. Atitude essa, que sempre nos tem faltado...ALEX SANTOS da Academia Paraibana de Cinema, professor/ cineasta.
E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br