sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Violência em imagens: o ópio das massas


Fazendo-se um comparativo entre o que é virtual (pode acontecer) no cinema, televisão e Internet, e aquilo que nos é mostrado diariamente como “real”, sobretudo nos informes de telejornal, haveremos de introjetar, desavisadamente, algumas imagens e admiti-las como verdades absolutas. E de que existe hoje na Sociedade, até inconscientemente, um delírio sublimado, imageticamente diáfano, em razão do processo televisivo de induzimento ao conhecimento instantâneo dos fatos costumeiros da violência urbana.
Assim, quando nos referimos à “cooptação de massa”, por parte da mídia, é porque esse fenômeno culturalmente indutivo existe de fato, em forma de “moeda corrente”. Certamente, de forma ética questionável, nos termos em que essa violência se apresente, principalmente duvidosa e sob forma velada, sub-reptícia, “fabricada”, pelos nossos meios de comunicação. O que vem de ratificar assim a clara demonstração de que a violência de hoje é, em verdade, o ópio das massas.
No clic instantâneo das comunicações, “roboticamente”, como num passe de mágica, já se salvam vidas havia quilômetros de distância. Contraditoriamente, num piscar de olhos, apertando-se um simples botão vidas anteriormente salvas pelo “milagre” científico serão ceifadas. Então produto da intolerância e desatino dos que, consciente/insensivelmente, dominam e manipulam as massas incautas e desesperançosas, em um mundo hoje verdadeiramente fragmentado. Quanta contradição tem gerado o então preconizado “progresso da humanidade”!...
Na ampla aldeia global em que vivemos, durante anos, fomos capazes das mais pirotécnicas experiências, numa odisseia não apenas prevista a partir do ano 2001, preconizada sabiamente já no final da década de sessenta, no filme de Stanley Kubrick. Intencionalmente (ou não) existimos sublimando a “guerra”. Nessa evolução, fomos cooptados à prática da hipocrisia e do desinteresse pela paz, simplesmente porque o confronto armado nos dá pecúnia, status e poder.
Não obstante vontades, e não há de ser tão simples assim, mesmo sob essa real perplexidade em que se vive a aquiescência humana a um simples aperto de mãos entre potências, ainda é difícil e como desejariam os mais otimistas. Mas, bem que este pudesse ser o gesto a uma catarse e ao reconhecimento de equações de toda uma Sociedade organizada. – Uma solução ao fato violento mais banal do nosso quotidiano ao mais grave.
       Nas relações políticas e sociais – não menos nas artes – o grande desafio é se conseguir um animus desarmado entre os povos. Atitude essa, que sempre nos tem faltado...

ALEX SANTOS da Academia Paraibana de Cinema, professor/ cineasta.
E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br