Sem
surpresa alguma, na segunda-feira passada assisti à marcante presença da
Paraíba na TV, no primeiro capítulo da tão famigerada “Gabriela”. Confesso,
extasiei-me com as imagens (fã que sou do seu poder visualmente persuasivo),
não menos com a atmosfera dramática e rústica do nosso Sertão. A excelente
fotografia nos tornando, assim, mais próximos da realidade e miserabilidade
humanas, em regiões como as que foram mostradas a um vasto número de “globalizados”.
Um
cenário caótico, mas de uma beleza incomensurável foi o que nos foi dado em detalhe
(e em Full HD), para que pudéssemos
melhor visualizar os poros e as rugas dos muitos rostos sofridos dos “viventes
da seca” do Nordeste brasileiro. Mais que um triste retrato esse, tantas vezes evocado
e jamais levado a sério. Uma problemática pela qual devam melhor debruçar-se os
que se dizem realmente dirigentes deste país.
Embora
tenha enveredado por esse não menos importante e objetivo discurso sociológico,
sobre “Gabriela” o meu foco estaria na presença firme, contundente de um dos
atores que considero mais emblemáticos do nosso tempo, quando se trata da
personagem nordestina. Sem cacoetes cênicos, vivenciando com extrema fidelidade
tempo e ritmo propostos, ele tem se destacado como dos melhores da sua geração.
Pouco
importa se teve origem na Piollin ou não (já que existe uma máxima de que os
bons atores paraibanos dali vieram), Everaldo Pontes (foto) preenche os espaços
cênicos, onde quer que atue, mesmo que sua participação seja efêmera, a exemplo
dessa mais recente versão de “Gabriela”. Diria existir uma estética perfeita
entre o ator e a paisagem sertaneja, em que normalmente atua. Quem jamais pode
olvidar uma obra como “Abril Despedaçado”? No filme de Sales, mais uma vez o
nosso Everaldo Pontes marcou presença... Detalhe: Ali, estiveram firmes e
fortes cinco paraibanos.
ALEX
SANTOS,
Vice-Presidente da Academia Paraibana de Cinema, professor e cineasta. E-mails:
alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br