Este é o segundo e último relato sobre o que vimos discutindo em sala de aula, com a participação dos meus colegas de turma, por solicitação do professor Alex Santos para a disciplina Direção do Programa de TV-1. Após ter assistido ao Seminário sobre Mídias realizado na semana passada, no CCHLA, hoje falo sobre a questão do “calendário”.
O Calendário é um quadro do JPB que surgiu com a proposta de dar voz à população paraibana. Porém, é válido avaliar essa proposta e observar um pouco a fundo o que representa a voz do povo na Rede Paraíba de Comunicação. Esse quadro estreou neste ano de 2011, trazendo uma repórter de São Paulo para fazê-lo. Mas por que será que não escolheram uma repórter local? Qual terá sido o motivo dessa decisão? Será que eles pretendiam dar mais credibilidade ao quadro? Será que essa escolha foi por que nosso sistema de comunicação está ainda ganhando seu espaço? Com todos esses questionamentos é como se estivéssemos afirmando que o povo não confia num repórter da Paraíba. É como se a Rede estivesse dizendo: “Nós trouxemos alguém de fora para ser o herói de vocês!”. E é isso mesmo o que o quadro quer passar para sua audiência, que confia na Rede Paraíba, pois esta vai até ela através d’O Calendário e consegue uma solução para os casos abordados. O Calendário vai ao encontro do povo para ajudá-lo. É como se representasse os próprios governantes.
Porém, mesmo com uma super valorização do quadro pela população, sabemos que há defasagens e o espaço para a solução dos problemas é reduzido. Eles escutam as reclamações do povo, dão espaço para que reivindiquem, mas não é o suficiente, tendo em vista que só resolvem aqueles problemas mais fáceis de se buscar uma solução, que dão retorno mais rápido à população, como: ruas sem asfaltos, sem calçamento, com buracos, ou seja, problemas que, de certa forma, são superficiais, não tendo tanta importância quando comparados aos que realmente importam para o bem estar da população. Como exemplo, podemos citar a questão da segurança, da saúde, da construção de escolas, e por aí vai. Esses são os problemas que realmente afetam o povo e que demandam tempo, talvez seja por isso que não entram no quadro, como se eles não pudessem resolver, como se a população não soubesse esperar até a resolução, como se só fossem válidas soluções rápidas, que demandem alguns poucos dias ou um dia apenas.
A escolha dos bairros é um processo digno de observação também, já que é constatada uma tendência da emissora em estar presente nos bairros de classe média ou alta. Quando sabemos que são nos bairros de classe baixa que encontramos os maiores problemas. A população desses bairros realmente necessita de ajuda, de apoio, de uma solução, de uma voz. Mas que voz é essa na qual o referido quadro tanto fala? Que voz é essa que parece mais calar a população do que ouvi-la? Como já foi dito anteriormente, quando eles vão aos bairros é para resolver problemas supérfluos, de menor visibilidade. Contudo, parece que já é o suficiente para a população, que se contenta com a solução desses pequenos problemas e não luta pelo que mais necessita. A população se acomoda com essas simples soluções. Então, será que isso é ser a voz do povo? Será que o quadro está realmente cumprindo com sua proposta de ouvir a população? Tenho certeza que não. (Stephanie Araújo, aluna da disciplina Direção de Programa de TV-1, da UFPB)
ALEX SANTOS da Academia Paraibana de Cinema, professor e cineasta.
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