domingo, 27 de novembro de 2011

“O Calendário”: dá voz ao povo paraibano ou cala esse povo?


Este é o segundo e último relato sobre o que vimos discutindo em sala de aula, com a participação dos meus colegas de turma, por solicitação do professor Alex Santos para a disciplina Direção do Programa de TV-1. Após ter assistido ao Seminário sobre Mídias realizado na semana passada, no CCHLA, hoje falo sobre a questão do “calendário”.


O Calendário é um quadro do JPB que surgiu com a proposta de dar voz à população paraibana. Porém, é válido avaliar essa proposta e observar um pouco a fundo o que representa a voz do povo na Rede Paraíba de Comunicação. Esse quadro estreou neste ano de 2011, trazendo uma repórter de São Paulo para fazê-lo. Mas por que será que não escolheram uma repórter local? Qual terá sido o motivo dessa decisão? Será que eles pretendiam dar mais credibilidade ao quadro? Será que essa escolha foi por que nosso sistema de comunicação está ainda ganhando seu espaço? Com todos esses questionamentos é como se estivéssemos afirmando que o povo não confia num repórter da Paraíba. É como se a Rede estivesse dizendo: “Nós trouxemos alguém de fora para ser o herói de vocês!”. E é isso mesmo o que o quadro quer passar para sua audiência, que confia na Rede Paraíba, pois esta vai até ela através d’O Calendário e consegue uma solução para os casos abordados. O Calendário vai ao encontro do povo para ajudá-lo. É como se representasse os próprios governantes.

Porém, mesmo com uma super valorização do quadro pela população, sabemos que há defasagens e o espaço para a solução dos problemas é reduzido. Eles escutam as reclamações do povo, dão espaço para que reivindiquem, mas não é o suficiente, tendo em vista que só resolvem aqueles problemas mais fáceis de se buscar uma solução, que dão retorno mais rápido à população, como: ruas sem asfaltos, sem calçamento, com buracos, ou seja, problemas que, de certa forma, são superficiais, não tendo tanta importância quando comparados aos que realmente importam para o bem estar da população. Como exemplo, podemos citar a questão da segurança, da saúde, da construção de escolas, e por aí vai. Esses são os problemas que realmente afetam o povo e que demandam tempo, talvez seja por isso que não entram no quadro, como se eles não pudessem resolver, como se a população não soubesse esperar até a resolução, como se só fossem válidas soluções rápidas, que demandem alguns poucos dias ou um dia apenas.

A escolha dos bairros é um processo digno de observação também, já que é constatada uma tendência da emissora em estar presente nos bairros de classe média ou alta. Quando sabemos que são nos bairros de classe baixa que encontramos os maiores problemas. A população desses bairros realmente necessita de ajuda, de apoio, de uma solução, de uma voz. Mas que voz é essa na qual o referido quadro tanto fala? Que voz é essa que parece mais calar a população do que ouvi-la? Como já foi dito anteriormente, quando eles vão aos bairros é para resolver problemas supérfluos, de menor visibilidade. Contudo, parece que já é o suficiente para a população, que se contenta com a solução desses pequenos problemas e não luta pelo que mais necessita. A população se acomoda com essas simples soluções. Então, será que isso é ser a voz do povo? Será que o quadro está realmente cumprindo com sua proposta de ouvir a população? Tenho certeza que não. (Stephanie Araújo, aluna da disciplina Direção de Programa de TV-1, da UFPB)

ALEX SANTOS da Academia Paraibana de Cinema, professor e cineasta.
E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br

domingo, 20 de novembro de 2011

“Seminário de mídias – Sistemas e regulação na Paraíba”

O texto seguinte é uma colaboração da aluna Stephanie Araújo, mat. 10913456, da
disciplina Direção de Programa TV-I, do Curso de Comunicação Social - Demid/UFPB.

Juntamente com os colegas de turma e aluna do professor Alex Santos, na disciplina Direção de Programa de TV-1 do Curso de Comunicação Social, da UFPB, e visando ampliar os nossos conhecimentos sobre os informes dados em sala de aula, fomos solicitados a participar do “Seminário de mídias – Sistemas e regulação na Paraíba”, que aconteceu na semana que passou, no Auditório 411 do CCHLA.
No segundo e último dia de apresentações, nós pudemos discutir, no primeiro momento, um pouco e de forma geral a respeito da Rede Paraíba de Comunicação. Posteriormente, buscamos analisar um quadro do JPB (Telejornal da Paraíba), o Calendário, onde fora dada ênfase à proposta deste, trazendo questionamentos bastante positivos para os estudantes da área. Todas as explanações dos apresentadores foram feitas com clareza e objetividade. Logo no início nos foi apresentado o histórico dessa ampla Rede, onde destacamos a união entre a TV Paraíba, de Campina Grande, e a TV Cabo Branco, de João Pessoa. A primeira comprou esta última e gerou esse sistema tão abrangente de comunicação.
A programação desse sistema de comunicação veio logo em seguida, na apresentação, e pudemos conhecer em linhas gerais os programas veiculados pela Rede. Dentre eles, é válido destacar o Bom Dia Paraíba, que é um telejornal dinâmico que exibe notícias locais; o Paraíba Notícia - que é similar ao Globo Notícia da Rede Globo -, que transmite uma série de notícias, de maior destaque, ou melhor, aquelas que têm maior visibilidade, durante o intervalo da programação, em apenas cinco minutos, no máximo.
Temos ainda o JPB, que representa o telejornal de maior audiência aqui no Estado da Paraíba, tendo duas edições durante o dia. Um quadro desse telejornal que merece destaque é o Fala Comunidade, que traz uma proposta de ajudar as comunidades mais carentes de João Pessoa, mas, na verdade, o objetivo da criação do quadro está muito ligado à perda de audiência por parte da classe mais baixa da sociedade. Logo, o que se pretendia e ainda pretende-se é “puxar” mais a audiência desse seguimento social da população.
Ainda, no que se refere à programação da Rede Paraíba de Comunicação, é destacável o Globo Esporte, com uma duração de apenas oito minutos, que mostra o cenário esportivo da Paraíba e do Nordeste também. Da programação televisiva desse sistema de comunicação, também devemos ressaltar que a Rede possui duas emissoras de rádio e um portal na internet, o G1 Paraíba, que nos informa notícias sobre o Brasil e o mundo. Isso sem falar no seu jornal impresso, o Jornal da Paraíba, um dos mais comercializados no estado. As duas emissoras de rádio apresentam uma grande divergência entre elas, já que uma, que é a Cabo Branco FM, é voltada para as classes mais altas da população, ou seja, as classes A e B, e a outra, Paraíba FM, voltada para o público da classe baixa, tocando músicas mais populares. Tudo isso só nos mostra o quanto essa Rede é abrangente e dominante aqui no estado.
Outro aspecto a destacar, por fim, é que as emissoras televisivas desse amplo sistema já transmitem uma qualidade de imagem e de som em HD, desde 2009, quando foi concedida a concessão para esse tipo de transmissão. (Retornarei ao assunto, proximamente – ).
ALEX SANTOS da Academia Paraibana de Cinema, professor e cineasta. E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br

sábado, 5 de novembro de 2011

“Capitães da Areia”: uma abordagem audiovisual

Cena do filme "Capitaes da Areia"
O texto seguinte é uma colaboração da aluna
Stephanie Araújo, mat. 10913456, da disciplina Direção de Programa TV-I, do Curso de Comunicação Social - Demid/UFPB.

 Todos nós sabemos que a obra de Jorge Amado, Capitães da Areia, é fantástica, completamente bem feita e capaz de prender o leitor até o final do
livro. Sem falar que é uma leitura obrigatória para estudantes de todo o país, sendo, com certeza, um dos livros mais conhecidos do autor, com uma rica história e com ricos personagens, cada um com suas especificidades e sua importância na narrativa. Os vários temas abordados na época, em 1930, ainda hoje são atuais. Os capitães da areia ainda existem nas ruas do nosso Brasil. Agora imaginem só a complexidade de transformar essa obra literária num filme. Imaginaram? Não é
mesmo uma tarefa muito fácil, não é? Aliás, adaptar qualquer obra literária para o cinema sempre será uma missão difícil, passível de muitas críticas negativas. No entanto, uma pessoa muito especial se encantou pela obra de Jorge Amado, aceitando o desafio de levar Capitães da Areia para as telonas. E essa pessoa é simplesmente a neta do autor, Cecília Amado. Quanta pressão, hein? Além do livro apresentar uma enorme complexidade, a diretora do filme é neta do
autor do livro, o que fez muitos acharem que ela tinha a obrigação de fazer um filme à altura de seu avô. Na minha humilde opinião, ela conseguiu.
O filme “Capitães da Areia”, pelo menos para mim, merece muitos elogios. Foi muito bem produzido e dirigido. Isso sem falar da fotografia e trilha sonora que são espetaculares. A trilha sonora, feita por Carlinhos Brown, é um show à parte, se encaixando perfeitamente em cada cena do filme, e contribuindo com a emoção do telespectador que se deixa levar pelas canções e pode viajar um pouco no mundo daqueles meninos de rua. Por falar nisso, os personagens principais do filme são representados por meninos de Salvador pertencentes à ONGs da Bahia, e que moram em comunidades, ou seja, que são carentes. A autora do filme optou por trabalhar com não atores justamente pelo fato de querer aproximar a realidade desses meninos com a dos personagens do livro, até porque não temos no Brasil muitos atores profissionais na faixa etária de 14 a 16 anos que se encaixem no perfil dos personagens. Logo, Cecília Amado buscou nas ONGs da Bahia os seus capitães da areia. O fato dos personagens principais do filme não serem atores de cinema, fez com que muitas pessoas criticassem negativamente a atuação dos meninos na tela. É perceptível, em algumas cenas, que não estamos vendo atores profissionais, mas
podemos observar, quando a história avança no tempo, que a atuação dos meninos
evolui e tudo fica mais natural e gostoso de ver.
É óbvio que num filme de 1h e 40 min não dá para abordar todo o universo do livro, por isso a autora do filme nos mostra apenas uma fase da história dos capitães, quando os meninos estão passando para a fase adulta. Isso tudo é feito de forma muitas vezes aleatória, diferente do livro, que conta a história de forma linear. Contudo, é totalmente compreensível a mensagem do filme, e podemos nos prender nas poltronas até o desfecho da trama. Até quem não leu o livro de Jorge Amado é capaz de entender perfeitamente o filme e se apaixonar por essa história e por esses personagens.
O filme “Capitães da Areia” é muito emocionante, engraçado e envolvente. Triste é o fato de saber que os capitães da areia estão vivos nesse país. Mas vale a pena conferir essa obra de Cecília Amado, que nos mostra os personagens do livro vivos ali na tela. Com certeza, a neta de Jorge Amado merece muitos elogios por ter encarado esse desafio com tanta seriedade e dedicação, e, a meu ver, tendo se saído muito bem. Além disso, depois desse filme, muita gente vai querer adquirir seu exemplar do livro. Um ponto muito positivo, já que atrai as
pessoas para a leitura.
Enfim, espero que tenham gostado do texto e, por favor, comentem, critiquem, discordem. A opinião de vocês é sempre muito importante e bem-vinda. Ah! Só para reforçar: assistam ao filme quando estiver disponível em DVD. Nós devemos valorizar e prestigiar mais o cinema nacional.

ALEX SANTOS da Academia Paraibana de Cinema, professor e cineasta.
E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br