Sempre me foi mágica a noite junina. Saudosismo ou não, pouco importa, trago ainda comigo as festas memoráveis que vivi, na cidade de Santa Rita, justamente em épocas de Santo Antonio, São João e São Pedro. Costumava vive-las com tudo que tinha direito: fogueira, bandeirolas, lanternas à luz de vela, fogos diversos e muita comida de milho verde, iguarias que somente minha mãe Dona Maria José sabia fazer.
Mas, tinha um problema. Nunca era fácil compatibilizar essas noites de brincadeiras com os compromissos dos nossos cinemas. Após o jantar, meu pai ia logo dizendo: – Olha, rapaz, cuidado pra não se atrasar! Esse chamado, mesmo com todo o entusiasmo por mim vivido naquela noite de cheiro forte de fumaça, de lenha transformada em imenso fogaréu na frente de casa, era uma ordem e eu ia correndo para o cinema, cuja sessão tinha início às 20 horas.
Sempre foi assim. Enquanto meus irmãos mais novos continuavam na brincadeira com os rojões, “peido de velha” e chuveiros de lágrimas incandescentes, acendidos com as tochas da fogueira crepitante, eu ia para o cinema, meu outro “paradiso”. Não menos, carregando ainda comigo os acordes de uma “Açucena Cheirosa”, de um “Buraco de Tatu”, melodias de época executadas pelo inesquecível Luiz Gonzaga e sua sanfona prateada.
Invariavelmente, ano após ano, tudo se repetia. As noites juninas de minha infância e adolescência, sempre deram lugar às responsabilidades com a atividade cinematográfica, herança cultural que me tem influenciado tanto. Quiçá por isso, meu apego às coisas da Imagem e do Cinema. “Cenografia” indelével, que somente existe naqueles que vêem na tradição e no costume uma razão cultural maior em suas vidas.
ALEX SANTOS – da Academia Paraibana de Cinema. E-mails:
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