sexta-feira, 25 de junho de 2010

Cenografia indelével das noites juninas















Sempre me foi mágica a noite junina. Saudosismo ou não, pouco importa, trago ainda comigo as festas memoráveis que vivi, na cidade de Santa Rita, justamente em épocas de Santo Antonio, São João e São Pedro. Costumava vive-las com tudo que tinha direito: fogueira, bandeirolas, lanternas à luz de vela, fogos diversos e muita comida de milho verde, iguarias que somente minha mãe Dona Maria José sabia fazer.

Mas, tinha um problema. Nunca era fácil compatibilizar essas noites de brincadeiras com os compromissos dos nossos cinemas. Após o jantar, meu pai ia logo dizendo: – Olha, rapaz, cuidado pra não se atrasar! Esse chamado, mesmo com todo o entusiasmo por mim vivido naquela noite de cheiro forte de fumaça, de lenha transformada em imenso fogaréu na frente de casa, era uma ordem e eu ia correndo para o cinema, cuja sessão tinha início às 20 horas.

Sempre foi assim. Enquanto meus irmãos mais novos continuavam na brincadeira com os rojões, “peido de velha” e chuveiros de lágrimas incandescentes, acendidos com as tochas da fogueira crepitante, eu ia para o cinema, meu outro “paradiso”. Não menos, carregando ainda comigo os acordes de uma “Açucena Cheirosa”, de um “Buraco de Tatu”, melodias de época executadas pelo inesquecível Luiz Gonzaga e sua sanfona prateada.

Invariavelmente, ano após ano, tudo se repetia. As noites juninas de minha infância e adolescência, sempre deram lugar às responsabilidades com a atividade cinematográfica, herança cultural que me tem influenciado tanto. Quiçá por isso, meu apego às coisas da Imagem e do Cinema. “Cenografia” indelével, que somente existe naqueles que vêem na tradição e no costume uma razão cultural maior em suas vidas.

ALEX SANTOS – da Academia Paraibana de Cinema. E-mails:

alexjpb@yahoo.com.br / contato@academiaparaibanadecinema.com.br

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Ainda sobre o 3D e o Holograma








Como de costume, na quinta-feira que passou levei mais um tema para ser discutido pelos alunos em sala de aula. Aproveitando o que havia escrito em meu blog (“É possível interagir com o Cinema?”), promovemos um debate dentro dos parâmetros da própria disciplina que leciono: Elementos de Linguagem Musical e Sonoplastia. Sempre com um víeis direcionado para as trilhas sonoras, que são compostas para os filmes e vídeos que se realizam.

Pois bem, foi uma boa discussão! Um monte de indagações se nos foram possíveis, justamente, em razão da complexidade que o assunto ainda exige. Necessariamente, no tocante à imagem, que terá sido o foco maior, mas este foi desviado para a questão do 3D. Assunto tão em voga no momento. Aí, na verdade, a questão ficou mais curiosa e intrigante por parte dos alunos, já que estes não conheciam outras experiências da Terceira Dimensão no Cinema.

Lembrei a eles o que tinha abordado no meu blog sobre o assunto, recentemente, e isso nos deu mais subsídios ainda à boa discussão. Falei que, conforme dados de experimentos ótico-científicos, o 3D no cinema nada mais é que um filme onde as imagens são codificadas de forma a dar ao espectador a ilusão de uma terceira dimensão espacial. E que, para tanto, pelo menos no presente, isso só é possível com o auxílio de um suporte ocular (óculo especial).

Mas, já existem também recursos outros além dos óculos, que se baseiam nas descobertas do físico húngaro Dennis Gabor – a Holografia. Segundo estudos nesse sentido, a holografia nada mais é que uma maneira de se fazer um registro para apresentar uma imagem em três dimensões pelo uso essencialmente da luz. O conceito foi criado em 1948 por Dennis Gabor e hoje se expande com as mais diversas utilidades e aplicações. O Cinema já vem utilizando essa técnica para uma acessibilidade mais fácil ao suporte 3D.

O moral de tudo isso: não se trata de um processo real de interatividade com a imagem, como muitos querem pretender, mas uma ilusão dessa interatividade entre o observador e o observado. No caso do Cinema, entre o espectador e o filme assistido. Interatividade é outra coisa.

ALEX SANTOS da Academia Paraibana de Cinema, professor e cineasta. E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br / www.alexsantospb.blogspot.com

domingo, 6 de junho de 2010

Cinema direcionado também à Escola

Crianças
assistem
a filmes
brasileiros.




Há justos dois anos, naquele 06 de junho de 2008, neste mesmo espaço, em artigo que escrevera (“Um cinema com base nas escolas”) eu aplaudia a oportuna e interessante proposta do senador Cristovam Buarque, de Brasília, em se criar mecanismos para se levar sessões regulares de cinema às escolas deste País. Um gesto esboçado no Congresso Nacional pelo senador com finalidade declaradamente cultural/educacional.

Esta semana, ele retornou à tribuna do mesmo Congresso para reforçar essas medidas, cobrando de seus pares e representantes dos Estados da Federação, e até do Governo Federal mais empenho no incremento que prevê a Lei 185/08, para ele fundamental. Inclusive, para que se possam resguardar medidas não só econômicas do Brasil, mas interesses culturais também nacionais.

O Projeto de Lei 185/08 foi protocolado em maio de 2008 e estabelece que a exibição de filmes brasileiros constituirá competente medida curricular e importante ao ensino, complementando a proposta pedagógica da escola. Na visão do senador Buarque, a exibição deve ser obrigatória por no mínimo duas horas mensais e vai contribuir para a formação de novas platéias e o crescimento da indústria cinematográfica no país.

Para o senador Buarque, a única forma de dar liberdade à indústria cinematográfica é criar uma massa de cinéfilos, que invadam nossos cinemas, dando respaldo também econômico à manutenção da indústria cinematográfica. “Isso só acontecerá quando conseguirmos criar uma geração com gosto pelo cinema, e o único caminho é a escola" - afirmou. Sobre essa pretensão, lembro que já existem algumas tentativas nesse sentido, inclusive subsidiadas pelos governos. Mas, ainda é muito pouco!

ALEX SANTOS da Academia Paraibana de Cinema, professor e cineasta. E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br / www.alexsantospb.blogspot.com