terça-feira, 20 de abril de 2010

Redescobrindo, no cinema, valores amigos-II

O cineasta
Alex Santos,
Manoel Jaime e
sua Assistente,
no set de
gravação de
"Antomarchi"





Em março de 2009, ainda impressionado com a sua performance de acadêmico, dando sugestões positivas às futuras ações da nossa Academia de Cinema, recebi do amigo e Acadêmico Manoel Jaime (pois, não gosta muito que o chame de Doutor) dois presentes valiosos. Frutos da sua capacidade médica e da visão privilegiada que sempre teve sobre o bucolismo e a beleza da Cidade de João Pessoa, urbe que o adotou como filho ilustre. Como se não bastasse tudo isso, tocou-me, mais ainda, o sentido de uma de suas obras: a paixão quase que doentia do autor pelo Cinema, aliada ao conhecimento sobre os princípios físicos que fundamentam a própria Arte-do-Filme.

Dedicou-me o seu primeiro livro:

– “Caro Alex, aqui, a persistência de imagens retinianas, ligadas ao Cinema na cidade de minha infância”.

E, no segundo livro:

– “Divido com você a vontade de ver a cidade de João Pessoa ainda mais moderna e humanizada”.

O relato de Jaime sobre as luzes e o écran de “um cinema de criança”, que foi só seu (apesar do coletivo que essa Arte tão bem representa) e que ainda permanece no seu imaginário, bem como, o desejo do amigo, em querer ver a “humanização” da cidade que o acolheu, aliada à inevitável e fractal modernização dos seus meios atuais, tudo isso me fez lembrar o filósofo francês Edgar Morin. Para quem deve existir a “humanização do próprio Cinema”, motivo de uma de minhas primeiras leituras, quando galguei os caminhos da minha pós-graduação e Comunicação Social, na Universidade de Brasília.

Hoje, sem surpresa alguma, pelo que representa o Doutor Manoel Jaime Xavier no seio da classe médica paraibana, recebo de suas mãos o honroso Convite para que participemos, eu e minha esposa Lili, do seu coroamento maior na Academia Paraibana de Medicina. O que deve acontecer nesta sexta-feira (23), na sede da Entidade, à Av. Pedro II, no centro de João Pessoa. Pois bem, como já escrevi anteriormente sobre o amigo, “houve de existir a feliz oportunidade de nos conhecermos pessoalmente, quando das primeiras reuniões para a formação da nossa (também) Academia Paraibana de Cinema”.

No que tange, ainda, ao Cinema, lembraria que o nosso filme está sendo finalizado, graças a sua valiosa e indiscutível participação. E, ao receber o seu convite, amigo Jaime, faço-o com a mesma sofreguidão de quando saboreei as suas duas obras “Os Cinemas de Currais Novos” e “Descobrindo a Cidade de João Pessoa”. Mais ainda, porque redescubro no colega imortal da Academia Paraibana de Cinema, como se já não bastassem outros atributos que possui no campo da cinematografia, a sua veia imortal para as coisas que dizem respeito à Vida. Aos seres humanos. Obrigado aos quantos te escolheram à “Imortalidade Médica”; obrigado a você por merecê-lo e também, amigo Jaime, por conhecê-lo. Mais uma vez parabéns!...

ALEX SANTOS da Academia Paraibana de Cinema, professor e cineasta.

E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br

domingo, 11 de abril de 2010

Por que a insistência de que documentário é Cinema?

Ator Ricardo Moreira, numa cena de "Antomarchi", de Alex Santos.






O Cinema é (e sempre foi) a Arte da Representação dos fatos. Desde que D.W. Griffith resolveu mobilizar sua câmera com “Intolerance”, em setembro de 1916, nos Estados Unidos, criando um novo olhar sobre a realidade. Abandonaria ele, naquele instante, o simples registro documental dos fatos, para usar da Dramaturgia, recriando personagens e situações vividas por estes. Representação, aqui entendida, como forma de recriação das alegrias e angústias das pessoas, verdadeiros atores na vida real. Hoje, mais que antes, massificadas, “documentariamente”, pela Televisão.

Com a sofisticação das atuais tecnologias audiovisuais, predominantemente reforçada pela Internet, o espectador de cinema já não aceita tanta fadiga causada pelos meios documentais de Informação. No final das contas, a emoção e o sonho reconstruídos pelo écran, ainda prevalecem como forma de entretenimento audiovisual, característica diegética primeira do Cinema; O que está na tela é da tela e é o que verdadeiramente conta. Não aquilo que queremos que prevaleça como “matéria jornalística”...

Longe de conter os ingredientes formais que a arte-do-filme exige para sua construção de início-meio-fim, parâmetros de linguagem inequívocos da dramaturgia e de leitura também narrativo-audiovisual, o Documentário já não deve ser encarado como Cinema. Não no sentido estrutural como forma de Arte da diversão e do encantamento. No caso específico do entretenimento, as estatísticas e bilheterias confirmam esta acertiva, fazendo do documentário um mero instrumento de registro de fatos, figuras humanas, instituições e épocas.

Erro crasso é se continuar admitindo ao mero registro audiovisual (“documento audiovisual”) o mister de Arte Cinematográfica. Quando se entende da importância do documentário, sobretudo de longa-metragem, como um raro produto de interesse da pesquisa social e histórica, com seus méritos intrínsecos. Atributo também da própria tv, ambos, destinados à Informação, muitas vezes, nem sempre de Comunicação.

Existe coisa mais maçante do que se assistir a um documentário numa sala de Cinema, com suposto e chato jeito de Cinema, com ou sem pipoca, durante mais de duas horas de repetidas entrevistas e depoimentos intermináveis? Ratifico: “Cinema é Diversão”! Que alguém me prove sair menos chateado do cinema ao ver (não assistir) tantas horas de planos-seqüenciais e falações repetidas, que não acabam nunca, muitas vezes para conclusões propositivas que deveriam ser muito mais simples...

ALEX SANTOS da Academia Paraibana de Cinema, professor e cineasta. E-mails: alexjpb@yahoo.com.br / contato@asprod.com.br / www.ancomarcio.com